Estudo de revisão apresentado no ASCO GU aponta os cinco maiores avanços no câncer renal (RCC) na última década, da compreensão da biologia do tumor ao diagnóstico e tratamento.
1. Modelo biológico
Pré-requisito para o avanço terapêutico, a compreensão da biologia do tumor avançou significativamente com o genoma Atlas de pesquisa em câncer, que permitiu caracterizar o câncer renal, principalmente o genótipo do RCC de células claras. Na última década, houve um refinamento do modelo biológico com a demonstrada heterogeneidade tumoral e o maior entendimento das vias de sinalização. Esse avanço permitiu uma geração de novas drogas alvo-molecular.
2. Desenvolvimento acelerado
A pesquisa translacional chega para aproximar a ciência do leito do paciente. No esteio dessa nova dinâmica, um novo leque de agentes ampliou o arsenal terapêutico no câncer renal. Hoje, sorafenibe, sunitinibe, temsirolimus, bevacizumabe (em combinação com interferon), everolimus, pazopanibe e axitinibe estão entre as opções de tratamento.
3. Resultados para os pacientes
Na última década, diversos estudos surpreenderam ao demonstrar novas drogas com resultados inequívocos de ganhos de sobrevida livre de progressão (SLP). Esse indicador passou a ser definido como objetivo primário de muitos estudos atuais. A sobrevida global (SG) tem ocupado o segundo plano, difícil ainda de ser demonstrada, mas o fato é que o ganho de SLP se traduz em mais qualidade de vida para os pacientes.
4. Pesquisa ativa e organizada
É claro que vivemos hoje uma nova forma de fazer ciência, na qual os estudos colaborativos multicêntricos são em número crescente, assim como aumenta a participação de pacientes. Se antes um ensaio de fase III era feito com grande lentidão - o SWOG 8949, marco da nefrectomia, levou 8 anos para acumular 246 pacientes – hoje o ritmo é outro. O panorama da investigação exibe hoje uma competência técnica mais robusta e bem mais organizada. Muitos ensaios de fase III agora são rotineiramente conduzidos dentro de 2 a 3 anos. Outra boa notícia é que além do RCC de células claras o ambiente de pesquisa passou a considerar outros subtipos menos comuns, como o papilar ou com histologia de células não-claras.
5. Colaboração multidisciplinar
O campo da oncologia no tratamento genitourinário clínico em geral e no RCC em particular se abre a uma relação de trabalho muito estreita entre cirurgiões, urologistas e oncologistas. Esta relação certamente floresceu na última década para levar ao paciente com carcinoma de células renais assistência integral e multidisciplinar. Essa visão do trabalho multidisciplinar chega agora também à área de pesquisa, com estudos como o SURTIME, em nefrectomia, o ASSURE, que investiga o uso de terapia sistêmica pós-metastasectomia, além de um grande trial cooperativo em adjuvância (EVEREST).
*Texto adaptado do estudo de revisão de Primo N. Lara, da Davis School of Medicine da Universidade da Califórnia e diretor associado de pesquisa translacional no UC Davis Comprehensive Cancer Center.