Em 2006, estudo publicado no Journal of Nuclear Medicine demonstrou vantagens importantes para o PET-CT com fluoreto quando comparado à cintilografia óssea (bone scan) com tecnécio e ao PET-CT FOV no câncer de próstata de alto risco. “São dados muito enfáticos de que o PET-CT com fluoreto é bastante superior à cintilografia óssea com tecnécio no rastreamento e, principalmente, na especificidade para identificar metástases ósseas”, enfatizou o radiologista Ronaldo Baroni, durante o 3º Simpósio Internacional do Grupo Oncoclínicas.
O estudo prospectivo de 2006 comparou a detecção de metástases ósseas utilizando 99mTc-metileno difosfonato (99m Tc-MDP) ou cintilografia óssea planar (Bone Scan) e, finalmente, o uso de PET-CT 18F-fluoreto. A sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo favoreceram amplamente o uso do 18F-fluoreto. O PETC CT 18F-fluoreto foi mais sensível e mais específico do que o BS (P <0,001) e mais específico do que o PET-CT FOV (P <0,001).
“São dados que mostram benefícios para o manejo clínico de pacientes com câncer de próstata de alto risco”, acrescentou Baroni.
Por outro lado, o especialista fez questão de relembrar que o PET CT com FDG não é um exame adequado para estadiar ou acompanhar o câncer de próstata. “Os tumores prostáticos são hipometabólicos em relação ao consumo de glicose e a excreção urinária do FDG mascara esses tumores”, sublinhou. “Hoje, o que nós temos na medicina nuclear de realmente efetivo no cenário do câncer de próstata são novos radiofármacos. O flúor fluoreto é o principal deles para metástase óssea, além da fluorcolina e do gálio”, ilustrou.
Novos marcadores
A fluorcolina e o carbono colina se mostraram bastante promissores na avaliação da recidiva bioquímica, tanto na doença óssea quanto na doença linfonodal. Trabalho publicado em 2010 pelo grupo italiano de Picchio e colaboradores mostra o papel do marcador colina na seleção de pacientes e no planejamento terapêutico, permitindo discriminar, por exemplo, cenários para abordagens curativas de cenários com intervenções de caráter paliativo.
Metanálise publicada em 2013 (Eur Urol. 2013 Jul;64(1):106-17) mostra que embora a 11C-colina e a 18F-fluorcolina possam ter papel no reestadiamento de pacientes com falha bioquímica e ajudar a orientar futuras decisões de tratamento, ainda estamos longe de alcançar sua aplicação prática, em situações clínicas comuns.
“Aqui no Brasil, são pouquíssimos os serviços que estão produzindo colina e, portanto, ainda não temos disponibilidade comercial para a realização desses exames”, enfatizou Baroni.
Para ele, o grande divisor de águas da medicina nuclear em câncer de próstata vem dos estudos de PET-CT com gálio (68 Ga) combinado com PSMA, um antígeno de membrana que reage diante da alta expressão de PSA. Em 32 pacientes, 78 lesões características de câncer de próstata foram identificadas com gálio PSMA e apenas 56 lesões foram caracterizadas em 26 pacientes usando PET-CT com colina. “Aquilo que já parecia bom, que é a colina, mostrou-se ainda melhor com gálio PSMA. Detecta mais lesões e aumenta a detecção de metástases à distância”, resumiu o radiologista.
Trabalho de 2013 utilizando PET-CT com gálio mostrou que a taxa de detecção foi de 60% com PSA menor que 2.2 e de 100% com PSA maior do que 2.2 em pacientes com suspeita de metástase à distância. “Esse é um marcador já disponível e que deve obter brevemente a aprovação comercial da Anvisa”, concluiu.