A terapia de conservação da mama obteve melhores resultados do que a mastectomia em pacientes com câncer de mama inicial. É o que demonstra estudo apresentado pela pesquisadora holandesa Sabine Siesling (foto) no San Antonio Breast Cancer Symposium 2015.
“Pacientes que receberam tratamento conservador associado à radioterapia tiveram melhor sobrevida global em 10 anos, em comparação com aquelas que receberam mastectomia sem terapia de radiação”, resumiu ela. “São informações que podem apoiar o processo de tomada de decisão compartilhada e melhorar a qualidade dos cuidados em câncer de mama", disse Sabine, da Comprehensive Cancer, em Utrecht, e professora da Universidade de Twente, na Holanda.
Vários estudos observacionais têm fornecido evidências que sugerem melhor sobrevida com a abordagem conservadora. No entanto, esses estudos observacionais têm limitações, explicou a especialista. "A maioria desses estudos observacionais teve curto tempo de seguimento e acompanhou os pacientes por um período máximo de cinco anos. Agora, nosso estudo descreve dados de longo prazo, com uma experiência com amplitude nacional", acrescentou.
Para determinar se houve diferença na sobrevida global (OS) e sobrevida livre de doença (SLD) entre abordagem conservadora + radioterapia na comparação com mastectomia, Siesling e colegas usaram dados do Registro de Câncer da Holanda. Foram considerados os dados de 37.207 mulheres com câncer de mama em estágio inicial, diagnosticadas entre 2000 e 2004 para estimar a sobrevida global em 10 anos. Para estimar a sobrevida livre de doença em 10 anos foram usados os dados de uma subcoorte de 7.552 pacientes diagnosticadas em 2003. Cerca de 58% e 62% dos pacientes da coorte total e subcoorte, respectivamente, receberam tratamento conservador e radioterapia, enquanto o restante recebeu mastectomia.
Os dados finais concluem que a terapia de conservação da mama obteve melhores resultados de sobrevida global em 10 anos em comparação com a mastectomia (76,8% contra 59,7%). A sobrevida livre de doença também favoreceu a terapia conservadora versus a mastectomia (83,6% contra 81,5%).
“Estima-se que em 10 anos pacientes tratadas com abordagem conservadora e radioterapia tenham 21% mais probabilidade de estar vivas em relação àquelas que receberam mastectomia. Os resultados foram semelhantes em todas as análises de subgrupos. Análises adicionais mostram que ocorreram menos recidivas regionais e metástases à distância entre pacientes que receberam tratamento conservador em relação aquelas que receberam mastectomia.
"A radioterapia pode ter desempenhado um papel importante na diferença dos resultados", disse a líder do grupo holandês. “Nosso trabalho sugere que a conservação da mama associada à radioterapia deve ser o tratamento de escolha, especialmente no estadiamento T1N0 ", acrescentou Sabine (Abstract S3-05).
Referência: Higher 10-year overall survival after breast conserving therapy compared to mastectomy in early stage breast cancer: A population-based study with 37,207 patients