Mais de um terço dos pacientes com melanoma metastático (34%) que receberam o anti-PD-1 nivolumabe (Opdivo®) permanecem vivos cinco anos após o início do tratamento. É o que mostra estudo apresentado no congresso anual da AACR 2016. O oncologista Antonio Carlos Buzaid (foto), chefe-geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, e membro do comitê gestor do Centro de Oncologia e Hematologia Dayan-Daycoval, do Hospital Israelita Albert Einstein, comenta com exclusividade para o Onconews.
"Vários tratamentos podem resultar em sobrevida de longo prazo com potencial de cura. Por exemplo, IL-2 em doses altas da ordem de 4%, bioquimioterapia da ordem de 5% a 8%, ipilimumabe, com cerca de 20%, e agora nivolumabe, com sobrevida da ordem de 34%. Claramente estamos fazendo progressos. A barra está subindo", afirma Buzaid.
Os resultados superam a taxa histórica de sobrevida em 5 anos, que de 2005 a 2001 foi de 16,6% nos Estados Unidos, de acordo com dados do SEER.
"Esta é a primeira análise de longo prazo com a imunoterapia anti-PD-1 e é muito encorajador constatar que um subgrupo de pacientes com melanoma metastático tem experimentado benefício de sobrevida, com resultados duradouros", disse Stephen Hodi, diretor do Centro de melanoma do Dana-Farber Cancer Institute, líder da investigação.
Os pesquisadores acompanharam 107 pacientes, com um tempo mínimo de 45 meses de seguimento após a primeira dose de nivolumabe. As taxas de sobrevida global (SG) foram semelhantes para os 17 pacientes que receberam a dose de 3 mg/kg e o restante dos 90 pacientes tratados com outras doses do anti PD-1 (0,1 mg, 0,3 mg, 1 mg e 10 mg / kg).
No entanto, variações significativas foram observadas em tempos diferentes de follow-up. Aos 12 meses, a SG em pacientes que receberam 3 mg / kg foi de 64,7 %, mas caiu para 47,1%, 41,2% e 35,3% em 24, 36 e 48 meses, respectivamente. Após esse período, a taxa de sobrevida se estabilizou. A SG mediana foi de 20,3 meses para aqueles que receberam a dose de 3 mg / kg, contra 17,3 meses em todos os 107 pacientes.
Aos 30 meses após o tratamento inicial, as taxas de sobrevida livre de progressão (SLP) foram de 25,7% para aqueles que receberam 3 mg/kg de nivolumabe e de 18,6% para os demais pacientes avaliados.
"São dados que fornecem uma base para estebelecer a terapia anti-PD-1 como padrão de tratamento para pacientes com melanoma", disse Hodi.
O estudo foi financiado pela Bristol-Myers Squibb.
O encontro anual da American Association for Cancer Research (AACR) acontece de 16 a 20 de abril no Ernest N. Morial Convention Center, em New Orleans.
Taxas de Sobrevida Global
NIVO 3 mg/kg (n=17) | Todos os pacientes (n=107) | |
Taxa de sobrevida global, % (95% CI)* | ||
12 meses | 64,7 (37,7-82,3) | 62,7 (52,6-71,2) |
24 meses | 47,1 (23,0-68,0) | 48,0 (38,1-57,2) |
36 meses | 41,2 (18,6-62,6) | 42,1 (32,4-51,4) |
48 meses | 35,3 (14,5-57,0) | 34,8 (25,7-44,1) |
60 meses | 35,3 (14,5-57,0) | 33,6 (24,6-42,9) |
Mediana de sobrevida global, meses (95% CI) | 20,3 (7,2-NR) | 17,3 (12,5-37,8) |
Bseado em estimativas Kaplan-Meyer NR, não alcançado |
Referências: Durable, long-term survival in previously treated patients with advanced melanoma (MEL) who received nivolumab (NIVO) monotherapy in a phase I trial
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