Onconews - Destaques em oncoginecologia na ASCO 2016

EVA_logo_300px.jpgAs oncologistas Angélica Nogueira Rodrigues e Graziella Dal Molin, do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA/GBTG) apontam a terceira atualização do estudo 19, o MITO8 e outros dois destaques entre os trabalhos mais importantes em oncoginecologia desta 52ª ASCO.

Câncer epitelial de ovário (CEO)
 
Na 3ª atualização de análise de sobrevida do Estudo 19, olaparibe em manutenção comparado a placebo, após resposta a platina em pacientes com carcinoma epitelial de ovário na 1a recidiva, levou a aumento de sobrevida global (HR 0,73). O benefício foi superior em pacientes com mutação em BRCA, HR 0,62, e 15% delas se mantiveram livres de progressão por 15 anos (Abstr5501).
 
Em uma análise retrospectiva de 204 pacientes com carcinoma epitelial de ovário de baixo grau estágios II a IV, aquelas que receberam hormonioterapia em manutenção após tratamento inicial (70 pacientes) apresentaram melhor sobrevida livre de progressão. No subgrupo de 148 pacientes que apresentou resposta completa após o tratamento inicial, houve melhor sobrevida global (191 versus 107 meses, p 0,04). Em análise multivariada, a manutenção levou a redução do risco de recidiva (HR 0,23, IC 0,11 a 0,5 (Abstr5502).
 
O estudo MITO8 mostrou que a tentativa de aumento artificial do intervalo livre de platina mediante o uso de um agente não platina após a primeira recidiva do câncer epitelial de ovário, quando esta ocorre entre 6-12 meses após o tratamento inicial, tem impacto negativo em sobrevida global (Abstr5505).
 
Em relação à quimioterapia intraperitoneal, a combinação de paclitaxel IV dose densa e carboplatina intraperitoneal mostrou-se segura e teve eficácia promissora, segundo estudo de fase II do JGOG (Abstr5504). Quimioterapia IP (carboplatina IP e paclitaxel IV/IP) após neoadjuvância e cirurgia é segura e teve eficácia comparável à QT IV, em estudo de fase II randomizado sem poder para detectar diferenças em sobrevida (LBA5503).
 
Câncer de endométrio
 
Em um estudo de fase II, 49 pacientes com câncer de endométrio recorrente ou avançado, de histologia endometrioide ou mista, submetidas a dois tratamentos prévios foram avaliadas para o uso de letrozol 2,5mg/dia, everolimus 10mg/d e metformina 1000mg/d. A mediana de idade foi de 62 anos, com IMC 34 kg/m2, grau 3 em 67%. 
 
O objetivo pricipal foi avaliar o benefício clínico e correlacionar anormalidades moleculares com o tratamento. 14 pacientes (29%) tiveram resposta parcial e 15 pacientes (31%) apresentaram doenca estável, totalizando 60% de benefício clínico. A mediana foi de 8 ciclos e 8 pacientes realizaram mais de 14 ciclos.
 
As principais toxicidades foram anemia, hipertrigliceridemia e hiperglicemia, todas manejáveis. Não houve relação entre o status da mutação do Kras e a taxa de benefício clínico (Abstr5506).
 
Referências:
 
Overall survival (OS) in patients (pts) with platinum-sensitive relapsed serous ovarian cancer (PSR SOC) receiving olaparib maintenance monotherapy: An interim analysis - J Clin Oncol 34, 2016 (suppl; abstr 5501)
 
Hormonal maintenance therapy for women with low grade serous carcinoma of the ovary or peritoneum - J Clin Oncol 34, 2016 (suppl; abstr 5502)
 
The MITO8 phase III international multicenter randomized study testing the effect on survival of prolonging platinum-free interval (PFI) in patients with ovarian cancer (OC) recurring between 6 and 12 months after previous platinum-based chemotherapy: A collaboration of MITO, MANGO, AGO, BGOG, ENGOT, and GCIG-
J Clin Oncol 34, 2016 (suppl; abstr 5505)
 
OV21/PETROC: A randomized Gynecologic Cancer Intergroup (GCIG) phase II study of intraperitoneal (IP) versus intravenous (IV) chemotherapy following neoadjuvant chemotherapy and optimal debulking surgery in epithelial ovarian cancer (EOC)- J Clin Oncol 34, 2016 (suppl; abstr LBA5503)
 
Phase II study of everolimus, letrozole, and metformin in women with advanced/recurrent endometrial cancer- J Clin Oncol 34, 2016 (suppl; abstr 5506)