Pacientes com câncer de pulmão pequenas células (CPPC) recorrente, previamente tratados com quimioterapia à base de platina, se beneficiam do tratamento com o anti PD-1 nivolumabe isoladamente ou de forma combinada com ipilimumabe. É o que mostram os dados do estudo CHECKMATE 032 apresentados na ASCO 2016, no sábado, 4 de junho.
CHECKMATE 032 foi desenhado para avaliar nivolumabe +/- ipilimumabe em tumores avançados, incluindo pacientes com CPPC com recorrência da doença. Foram inscritos 180 pacientes com câncer de pulmão pequenas células que progrediram em período ≥1 ano após quimioterapia de primeira linha, independentemente da expressão de PD-1/PD-L1.
Os pacientes receberam nivolumabe isoladamente (N3 Q2W) ou o regime de combinação nivolumabe + ipilimumabe (N1 + I3 ou N3 + I1 q3w por 4 ciclos, em seguida, N3 Q2W). O desfecho primário foi a taxa de resposta objetiva (ORR). Os endpoints adicionais foram segurança, sobrevida global (SG), sobrevida livre de progressão (SLP) e biomarcadores.
Resultados
180 pacientes foram inscritos no estudo (n = 80, N3; n = 47, N1 + I3; n = 53, N3 + I1). Entre os 127 pacientes alocados nas coortes N3 e N1 + I3, 56% receberam ≥ 2 regimes anteriores e 30% eram resistentes à platina. Os dados de eficácia (Tabela) mostram que as respostas foram observadas independentemente da sensibilidade à platina e da expressão de PD-1/PD-L1.
Eventos adversos grau 3-4 relacionados com o tratamento (TRAEs) ocorreram em 11% dos pacientes em N3 e 32% dos pacientes em N1 + I3; 5% e 13% interromperam o tratamento devido a TRAEs, respectivamente.
“O uso de nivolumabe e a combinação de nivolumabe + ipilimumabe mostrou respostas objetivas duradouras e perfis de segurança gerenciáveis”, avalia o oncologista Giuliano Borges, do Centro de Novos Tratamentos de Itajaí. “A combinação trouxe o dobro de resposta em pacientes politratados e evidentemente aumentou a presença de reações imuno-mediadas, mas na nossa prática clínica vemos que a toxicidade ainda é menor que a provocada pela quimioterapia citotóxica”, esclarece.
Para Borges, a inovação pode mesmo representar um novo paradigma no tratamento do câncer. “É interessante observar que a imunoterapia vive uma evolução tão rápida que em câncer de pulmão existem estudos que já avaliam nivolumabe como terapia de manutenção após a quimioterapia citotóxica”, diz.
Informações do ensaio clínico: NCT01928394
N3a | N1 + I3b | |
n=80 | n=47 | |
ORR, % (n/N)c | 13 (7/55) | 31 (14/45) |
Median DOR, mo | Not reached | 6.90 |
Median OS, mo | 3.55 | 7.75 |
Median PFS, mo | 1.38 | 3.35 |
1yr OS rate, % | 27 | 48 |
a15 pts had <6 weeks minimum follow-up bMinimum follow-up = 120 days c25 pts in N3 and 2 pts in N1 + I3 were non-evaluable for tumor response DOR = duration of response
Referência:Checkmate 032: Nivolumab (N) alone or in combination with ipilimumab (I) for the treatment of recurrent small cell lung cancer (SCLC)- J ClinOncol 34, 2016 (suppl; abstr 100)