Benedito Mauro Rossi, criador do Grupo de Estudos de Tumores Hereditários (GETH), apresentou no IX Congresso Franco-Brasileiro de Oncologia um pouco da história do Grupo e seus principais objetivos.
Em 1989, no início da era da informação e suas emergentes possibilidades para a organização de bases de dados, implementamos um sistema de coleta de dados clínicos, individuais e familiares quando havia suspeita de predisposição hereditária ao câncer. Este banco de dados foi extremamente útil e impulsionou o registro e estudo desses indivíduos e famílias, assim como abriu a possibilidade de saber com precisão o número de casos de câncer em pacientes jovens e relacioná-los com o histórico de câncer na família.
Como consequência da organização da informação sobre pacientes e suas famílias, organizamos em 1992 o Registro de Câncer Colorretal Hereditário do Hospital A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo. Um dos primeiros frutos do Registro ocorreu em 1994, com o primeiro diagnóstico molecular de Polipose Adenomatosa Familiar (FAP) em uma família brasileira com mutação no gene APC, localizado no códon 1.291. Como sabemos, a organização de dados, incluindo informações clínicas e moleculares, é fundamental para o manejo de indivíduos/famílias com alto risco de câncer hereditário.
A partir de 1997, foram organizadas reuniões semanais com a participação de vários profissionais interessados no câncer hereditário. Em 1999, com pioneirismo, foi criado o Departamento de Oncogenética do Hospital A.C.Camargo. Em fevereiro de 2003, criamos o Grupo Brasileiro de Estudos sobre Tumores Hereditários – GBETH, que em 2005 e 2007 publicou dois livros atualizados sobre o câncer hereditário no Brasil. O conteúdo está disponível em boletins informativos a partir da homepage do Grupo (www.geth.org.br). Em 2007, com essas publicações e a participação do Grupo em encontros internacionais, cresceu o interesse e a adesão de profissionais de outros países, principalmente da Argentina, Chile e Uruguai. Assim, o GBETH ampliou seu alcance para a América do Sul e tornou-se o Grupo de Estudo de Tumores Hereditários (GETH).
Atualmente, o GETH trabalha para estabelecer a colaboração sul-americana de registros sobre câncer hereditário em uma plataforma integrada. A ideia é usar software não-proprietário em uma plataforma WEB para registrar os dados de famílias com suspeita de predisposição hereditária ao câncer, além de organizar reuniões quinzenais realizadas no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo que são transmitidas on-line e podem ser vistas posteriormente no website do GETH.
Em 2014, o GETH realizou o Workshop Sul-Americano de Câncer Hereditário, no Hospital Sirio-Libanês, em São Paulo. O encontro reuniu líderes do Brasil e da América do Sul na área de Câncer Hereditário para iniciar uma grande rede colaborativa. Estiveram reunidos 70 participantes, representando 35 diferentes instituições/universidades de toda a América do Sul.
Em 2015, foi o organizador do Congresso Internacional da Sociedade Internacional de Câncer Gastrointestinal Hereditário (InSiGHT), realizado pela primeira vez na América Latina, em São Paulo.
Outra iniciativa do GETH é preparar as bases para colaborações globais, principalmente com a Sociedade Internacional de Tumores Hereditários Gastrointestinais - InSiGHT (www.insight-group.org) e com o Grupo Colaborativo Americano (CGA-ICC).
Autor: Benedito M. Rossi é fundador do Grupo de Estudos de Tumores Hereditários (GETH) e oncologista do Hospital Sírio-Libanês.
Referência: The Development of the Study of Hereditary Cancer in South America
Benedito Mauro Rossi, Carlos Sarroca, Carlos Vaccaro, Francisco Lopez, Patricia Ashton-Prolla, Fabio de Oliveira Ferreira, and Erika Maria Monteiro Santos - Genet Mol Biol. 2016 Apr-Jun; 39(2): 166–167.
Published online 2016 May 24. doi: 10.1590/1678-4685-GMB-2014-0366