Dados do estudo de fase II neoMONARCH1 apresentados no 2016 San Antonio Breast Cancer Symposium mostram que o tratamento neoadjuvante com a terapia investigacional abemaciclib, isolada ou em combinação com o inibidor da aromatase anastrozol, reduziu os níveis do marcador de proliferação celular Ki67 em células de câncer de mama HER2-, HR+, em comparação com o anastrozol isolado.
Abemaciclib é um inibidor de CDK4/6 oral que demonstrou evidência de atividade clínica e um perfil de segurança aceitável em um esquema de dosagem contínuo seja como agente único (MONARCH 1, NCT02102490) ou em combinação com terapias endócrinas em mulheres com câncer de mama metastático HR+ fortemente pré-tratadas.2,3
"Outros estudos têm mostrado que a redução da proliferação celular está correlacionada com melhores resultados, e nossos dados sugerem que os inibidores de CDK4/6 podem beneficiar pacientes com doença em estágio inicial", disse Sara A. Hurvitz, professora associada de medicina da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), e diretora médica da Unidade de Pesquisa Clínica da UCLA Jonsson Comprehensive Cancer Center.
Métodos
O NeoMONARCH (NCT02441946) é um estudo randomizado, multicêntrico, aberto, de fase II, que compara os efeitos biológicos na neoadjuvância de abemaciclib mais anastrozol versus abemaciclib monoterapia versus anastrozol monoterapia em mulheres pós-menopausadas com câncer de mama inicial HR+, HER2-.
Os pesquisadores randomizaram 223 mulheres para terapia neoadjuvante com anastrozol, abemaciclib ou anastrozol mais abemaciclib por duas semanas. Todas as pacientes receberam então anastrozol mais abemaciclib por 14 semanas, quando foram submetidas à cirurgia.
O endpoint primário foi a avaliação da alteração percentual do valor da expressão da proteína Ki67 no baseline e após 2 semanas de terapia com os três regimes iniciais. A atividade clínica e a segurança das 14 semanas subsequentes de terapêutica com abemaciclib mais anastrozol foram avaliadas como endpoints secundários na cirurgia. Os objetivos exploratórios incluíram a avaliação de alterações nos ciclos celulares de mRNAs por análises Modaplex (QIAGEN) e análises mutacionais PIK3CA e ESR1 em amostras de biópsia.
Resultados
O estudo atingiu o seu endpoint primário, mostrando que os níveis de Ki67 foram significativamente reduzidos em células de câncer de mama das 107 pacientes que receberam abemaciclib, seja isolado ou em combinação com anastrozol, em comparação com os 54 pacientes que receberam apenas anastrozol. O tratamento com abemaciclib mais anastrozol levou à redução do tamanho do tumor na maioria dos pacientes, conforme avaliação clínica e radiológica.
O perfil de segurança da combinação diferiu daquele relatado anteriormente para abemaciclib 200mg BID em monoterapia no estudo MONARCH 12 e no estudo fase Ib3 com redução da incidência de diarreia e eventos hematológicos. A alteração da proliferação dos genes mRNA após 2 semanas de tratamento (n=38), tanto no tumor quanto no sangue, pareceu estar correlacionada com a alteração na expressão de Ki67, com uma maior redução nos braços contendo abemaciclib.
"Mesmo que os resultados sejam positivos e promissores, eles não vão mudar o padrão de cuidados porque este foi um estudo de prova de conceito. A duração da terapia foi relativamente curta e não permitiu avaliar de forma robusta as respostas patológicas, nem acompanhar os pacientes para avaliar os resultados a longo prazo. No entanto, os dados gerados são importantes e apoiam a avaliação contínua desta droga no câncer de mama estágio inicial", concluiu Hurvitz.
O estudo foi financiado pela Eli Lilly and Company.
Referências: 1 - Abstract S4-06 - Biological effects of abemaciclib in a phase2 neoadjuvant study for postmenopausal patients with hormone receptor positive, HER2 negative breast cancer
2 - Dickler, M.et al., ASCO abstract #510 (2016).
3 - Goetz, M.et al., SABCS abstract #P4-13-25 (2015).