A adição do inibidor de PARP experimental veliparib à carboplatina e paclitaxel melhorou a taxa de resposta objetiva sem aumentar os eventos adversos em pacientes com câncer de mama localmente recorrente ou metastático com mutações BRCA1 ou BRCA2. Os dados do estudo clínico de fase II foram apresentados quarta-feira, 7 de dezembro, no 2016 San Antonio Breast Cancer Symposium.
"Estudos pré-clínicos demonstraram que o bloqueio de uma segunda via de reparo do DNA em células de câncer BRCA mutadas utilizando um inibidor de PARP torna as células mais susceptíveis aos efeitos de quimioterápicos como a carboplatina”, disse Heather S. Han, do Moffitt Cancer Center em Tampa, Flórida.
O estudo de fase 2 (NCT01506609) investigou a segurança e eficácia de veliparib (V) + carboplatina (C)/paclitaxel (P) ou V + temozolomida (TMZ) em comparação com placebo (Plc) + C/P em pacientes com câncer de mama localmente recorrente ou metastático com mutação BRCA1 ou BRCA2. Em San Antonio foram apresentados os resultados dos braços de velaparib e placebo. Os resultados do braço com temozolamida serão apresentados separadamente.
Métodos
Pacientes (n=290) com 18 anos ou mais e câncer de mama localmente recorrente ou metastático com mutação BRCA1 ou BRCA2 foram randomizados em três braços (1:1:1): 97 pacientes para veliparib mais carboplatina e paclitaxel; 99 para placebo mais carboplatina e paclitaxel; e 94 para veliparib mais temozolomida.
Os principais critérios de elegibilidade incluíram mutação BRCA1/2 deletéria, ≤ 2 quimioterapias anteriores para doença metastática, nenhum agente de platina prévio e sem metástase no sistema nervoso central. Mais de 50% dos pacientes no estudo tinham câncer de mama receptor hormonal positivo, cerca de 40% tinha câncer de mama triplo negativo e alguns tinham câncer de mama HER2-positivo. As características demográficas e de doença no baseline foram equilibradas entre os braços de tratamento.
A randomização foi estratificada pelo status do receptor hormonal, terapia citotóxica anterior e performance status ECOG. O endpoint primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) por RECIST 1.1 em cada braço V versus placebo por revisão independente. Também foram avaliados sobrevida global (SG), taxa de resposta objetiva (ORR), tolerabilidade e qualidade de vida.
Resultados
Os pacientes que receberam placebo, carboplatina e paclitaxel receberam uma média de 10 ciclos de tratamento. Aqueles que receberam veliparib, carboplatina e paclitaxel receberam uma mediana de 12 ciclos de tratamento.
A taxa de resposta objetiva para o braço veliparib foi de 77,8% em comparação com 61,3% para o braço placebo. A melhora na sobrevida livre de progressão no braço veliparib (14,1 meses versus 12,3 meses) não foi estatisticamente significativa, assim como a tendência para melhora na sobrevida global (28,3 meses versus 25,9 meses).
Não houve aumento significativo na toxicidade com a adição de veliparib. Os eventos adversos mais comuns de grau 3 ou superiores foram a neutropenia, que foi observada em 55% dos doentes que receberam placebo, em comparação com 56% dos doentes com veliparib; e trombocitopenia, observada em 26% dos pacientes designados para placebo versus 31% dos doentes atribuídos ao veliparib.
"Embora as melhorias na sobrevida livre de progressão e sobrevida global não tenham sido estatisticamente significativas, o estudo apoia a investigação adicional de veliparib em combinação com quimioterapia como um potencial tratamento para este grupo de pacientes. O estudo de fase III BROCADE 3, em andamento, deve fornecer respostas mais definitivas sobre o uso do inibidor na rotina clínica de cuidados", disse Heather.
O estudo foi financiado pela AbbVie Inc.
Referência: Abstract S2-05 - Efficacy and tolerability of veliparib (V; ABT-888) in combination with carboplatin (C) and paclitaxel (P) vs placebo (Plc)+C/P in patients (pts) with BRCA1 or BRCA2 mutations and metastatic breast cancer: A randomized, phase 2 study