Dados do estudo NSABP B-42 (NRG Oncology) apresentados no San Antonio Breast Cancer Symposium, que acontece entre os dias 6 e 10 de dezembro, indicam que cinco anos adicionais de terapia hormonal com letrozol após cinco anos de inibidor de aromatase adjuvante não trazem benefícios na sobrevida livre de doença (SLD) ou sobrevida global (SG) em mulheres na pós-menopausa com câncer de mama receptor hormonal positivo (HR+) em estágio inicial.
"Embora a terapia prolongada com letrozol demonstre uma tendência para a melhoria da sobrevida livre de doença, a diferença não foi estatisticamente significativa. O benefício de sobrevida global com o letrozol prolongado também não foi evidente. Esses achados, juntamente com o pequeno aumento no risco de eventos trombóticos arteriais após 2,5 anos, exigem uma avaliação cuidadosa dos potenciais riscos e benefícios da recomendação para esse perfil de paciente", disse Terry Mamounas, diretor médico do Comprehensive Breast Program da UF Health Cancer Center, Orlando Health, e presidente do NRG Oncology Breast Committee.
"Tal avaliação deve incluir características do paciente e do tumor, como idade e estado nodal no diagnóstico, co-morbidades existentes, densidade mineral óssea, bem como informações sobre a tolerabilidade dos primeiros cincos anos de terapia endócrina" acrescentou.
NSABP B-42
Entre setembro de 2006 e janeiro de 2010, foram randomizados (1:1) 3.966 pacientes para 2,5 mg de letrozol ou placebo diariamente durante cinco anos. O objetivo primário do estudo NSABP B-42, randomizado, duplo-cego, placebo-controlado, foi determinar se oferecer cinco anos de inibidor de aromatase letrozol, em comparação com cinco anos de placebo, poderia melhorar a sobrevida livre de doença em pacientes na pós-menopausa com câncer de mama em fase inicial que tinha completado cinco anos de terapia hormonal adjuvante (com inibidor de aromatase ou tamoxifeno seguido de um inibidor de aromatase).
O endpoint primário foi a sobrevida livre de doença. Endpoints secundários incluíram sobrevida global, intervalo livre de câncer de mama (BCFI), recorrência à distância (DR), fraturas osteoporóticas e eventos trombóticos arteriais.
O seguimento médio da randomização para os 3.923 pacientes incluídos nas análises foi de 6,9 anos. Até agosto de 2016, foram registrados 631 eventos de sobrevida livre de doença.
A terapia prolongada com letrozol resultou em uma redução não significativa de 15% no risco de eventos de sobrevida livre de doença, que incluiu recorrência do câncer de mama original, câncer na mama oposta, uma neoplasia maligna não mamária ou morte por qualquer causa anterior à ocorrência de outros eventos de sobrevida livre de doença.
A terapia prolongada com letrozol não melhorou a sobrevida global. No entanto, foi observada uma melhoria estatisticamente significativa no intervalo livre de câncer de mama, com uma redução de 29% no risco de recorrência da doença ou de câncer na mama oposta. Além disso, houve uma redução estatisticamente significativa de 28% no risco cumulativo de recorrência à distância.
Embora o risco de eventos trombóticos arteriais não tenha aumentado com a terapia prolongada, ele se tornou elevado para as pacientes tratadas com letrozol após 2,5 anos. "Pacientes na pós-menopausa com câncer de mama em estágio inicial que concluem cinco anos de terapia com um inibidor de aromatase devem discutir cuidadosamente com seu médico antes de decidir continuar ou interromper a terapia", afirmou o especialista.
Os pesquisadores ainda não examinaram o benefício do letrozol prolongado na população de pacientes B-42 de acordo com vários classificadores genômicos que foram encontrados para predizer o risco de recorrência tardia e/ou benefício da terapia hormonal adjuvante prolongada. “Esses estudos estão sendo planejados e serão implementados em breve”, observou Mamounas.
O estudo foi financiado pelo National Cancer Institute e Novartis.
Referência: Abstract S1-05 - A randomized, double-blinded, placebo-controlled clinical trial to evaluate extended adjuvant endocrine therapy (5 years of letrozole) in postmenopausal women with hormonereceptor positive breast cancer who have completed previous adjuvant endocrine therapy: Initial results of NRG oncology/NSABP B-42