Onconews - Ibandronato e terapia hormonal no câncer de mama na pós-menopausa

Mama_RaioX_Ilustra.jpgApresentados no 2016 San Antonio Breast Cancer Symposium, os resultados do estudo randomizado de fase III TEAM IIB mostraram que as mulheres na pós-menopausa com câncer de mama inicial HR+ que receberam o bisfosfonato ibandronato (Boniva) além da terapia hormonal adjuvante não melhoraram os resultados de sobrevida livre de doença (SLD).

No entanto, foi observada uma melhora não significativa na SLD e redução no número de pacientes que desenvolveram metástases ósseas após três anos de tratamento entre aquelas que receberam ibandronato. “Um acompanhamento de longo prazo pode ser necessário para tirar conclusões definitivas”, disse Sabine Linn, oncologista no Departamento de Patologia Molecular do Netherlands Cancer Institute.
 
“A terapia hormonal geralmente consiste em inibidores da aromatase, que têm um efeito negativo na saúde óssea. Cerca de 70% dos pacientes com câncer de mama pós-menopausa que desenvolvem doença metastática experimentam metástase óssea, com uma grande influência sobre a duração e qualidade de vida destas pacientes”, explicou Sonja Vliek, residente de oncologia médica que trabalha com Linn. “A prevenção de metástases ósseas é, portanto, um dos principais tópicos da pesquisa sobre o câncer de mama”, acrescentou.
 
No TEAM IIB (ISRCTN17633610), 1.116 mulheres na pós-menopausa com câncer de mama em estágio inicial (I-III) e indicação de tratamento hormonal adjuvante foram aleatoriamente designadas para pelo menos cinco anos de terapia hormonal (tamoxifeno seguido de pelo menos 2-3 anos de exemestano, ou em caso de alto risco pelo menos 5 anos de exemestano) com ou sem 50mg de ibandronato via oral, diariamente, por três anos. O endpoint primário foi a sobrevida livre de doença, e os endpoints secundários incluíram segurança, sobrevida global, tempo até metástase óssea e outros locais de recorrência. A mediana de seguimento foi de 4,6 anos e 67% das pacientes no braço de teste aderiram ao tratamento com ibandronato durante três anos.
 
Resultados
 
Em novembro de 2016, 149 eventos de SLD haviam sido relatados. A sobrevida livre de doença em três anos no braço de ibandronato foi de 94,4% versus 90,8% no braço controle (HR 0,84; 95% CI 0,60-1,17), com uma melhoria não significativa de 20% na SLD no braço de ibandronato.
 
Três anos após a randomização, 1,6% das pacientes tratadas com ibandronato desenvolveu metástases ósseas versus 4,7% das pacientes tratadas apenas com a terapia hormonal adjuvante (HR 0,76; [CI] 0,43-1,32). As pacientes no braço ibandronato tiveram 35% menos probabilidade de ter metástases óssea (achado não estatisticamente significativo).
 
Foram notificados 36 eventos adversos graves no grupo de ibandronato versus 51 no grupo controle. Dos pacientes randomizados para ibandronato 4 desenvolveram osteonecrose, mas sem queixas residuais.
 
"Se os resultados deste ensaio forem considerados juntamente com os resultados do ensaio EBCTCG, em que um benefício modesto de sobrevida global foi observado para mulheres na pós-menopausa com a adição de um bisfosfonato à terapia sistêmica adjuvante padrão, a evidência para tratar mulheres na pós-menopausa com câncer de mama inicial com bisfosfonato adjuvante aumenta", disse Linn. "As pacientes devem discutir este tratamento adjuvante com seus médicos para compensar os possíveis efeitos colaterais do possível ganho na sobrevida", acrescentou.
 
Outras análises dos dados são planejadas assim que o último paciente atingir o período de três anos de acompanhamento (maio de 2017). Os pesquisadores planejam acompanhar as pacientes por até 10 anos para analisar os efeitos a longo prazo.
 
O estudo foi financiado por bolsas de pesquisa irrestritas da Roche e Pfizer Holanda.
 
Referência: S6-02 - The efficacy and safety of the addition of ibandronate to adjuvant hormonal therapy in postmenopausal women with hormone-receptor positive early breast cancer. First results of the TEAM IIB trial (BOOG 2006-04)