Onconews - RT em dose única na compressão medular

Radio_Medula_ASCO_NET_OK.jpgA compressão da medula espinhal afeta muitos pacientes com câncer avançado e a radioterapia é frequentemente empregada para o controle da dor e de outros sintomas associados. O estudo SCORAD (LBA 10004), randomizado, de fase III, apresentou na 53ª ASCO os resultados da avaliação de não-inferioridade, que comparou a radioterapia em dose única com radioterapia multifracionada e mostrou que uma só dose é tão eficaz quanto uma semana inteira de radiação no manejo da compressão medular.

Para o primeiro autor do estudo, Peter Hoskin, oncologista do Mount Vernon Cancer Center no Reino Unido, as descobertas estabelecem a radioterapia de dose única como o padrão de atendimento para a compressão medular ou radicular de neoplasias metastáticas da coluna, “pelo menos para pacientes com expectativa de vida curta", avaliou.

 

Atualmente, não existe um padrão único, variando de 8Gy em dose única até 40Gy em 20 frações.
 
Sobre o Estudo
 
O estudo envolveu 688 pacientes, incluindo câncer de próstata metastático (44%), pulmão (18%), mama (11%) e gastrointestinal (11%). A idade mediana foi de 70 anos e 73% eram do sexo masculino. Os pacientes foram selecionados de fevereiro de 2008 a abril de 2016, a partir de 43 centros no Reino Unido e de quatro centros australianos, randomizados (1: 1) para receber dose única de 8Gy (N= 345) ou 20Gy em 5 frações (N-343), ao longo de cinco dias.
 
O desfecho primário do estudo foi o status de deambulação, medido em uma escala de 1 a quatro: capaz de andar normalmente (Grau 1), capaz de andar com auxílio (Grau 2), dificuldade de andar, mesmo com auxílio (Grau 3) e dependente de cadeira de rodas (Grau 4).
 
Os pacientes elegíveis apresentaram compressão da medula espinhal ou da cauda equina (C1-S2) confirmada por ressonância magnética / tomografia computadorizada, tratável em um único campo de radiação, expectativa de vida > 8 semanas, sem tratamento prévio de RT na mesma área.
 
Principais conclusões
 
Em oito semanas, 69,5% dos pacientes que receberam radioterapia em dose única e 73,3% dos que receberam cinco doses de RT apresentaram status de deambulação de 1 a 2, mostrando a não-inferioridade entre os dois tipos de radioterapia.
 
A mediana de sobrevida global foi semelhante nos dois grupos, com 12,4 semanas com dose única versus 13,7 semanas com RT em cinco doses, mas a diferença não foi estatisticamente significativa (hazard ratio 1.02 [95%CI 0.86-1.21], p = 0.81).
 
Em relação ao perfil de segurança, a proporção de pacientes com efeitos secundários graves foi semelhante nos dois grupos (20,6% vs. 20,4%), mas os efeitos secundários leves, de grau 1-2, foram menos frequentes no grupo de dose única (51,0% vs. 56,9%).
Hoskin enfatizou que o reconhecimento precoce e o tratamento imediato dos sintomas de compressão medular são críticos para obter melhores resultados com a radioterapia. No entanto, aponta limitações do estudo. "A radioterapia multifracionada pode ser mais eficaz para prevenir o rebote de metástases na coluna em relação à radiação de dose única. Significa que um curso mais longo de radiação pode ainda ser melhor para pacientes com expectativa de vida mais longa, mas precisamos de mais pesquisa para confirmar isso", disse Hoskin.
 
Outra limitação diz respeito à base amostral. Os pacientes com câncer de mama metastático estavam sub-representados no estudo SCORAD, assim como os pacientes mais jovens. “Para certos pacientes com compressão da medula, a cirurgia pode ser recomendada em lugar da radioterapia”, observou.
 
O estudo foi financiado pela Cancer Research UK.
 
Referência: LBA 10004: SCORAD III: Randomized noninferiority phase III trial of single-dose radiotherapy (RT) compared to multifraction RT in patients (pts) with metastatic spinal canal compression (SCC). - Citation: J Clin Oncol 35, 2017 (suppl; abstr LBA10004) - Peter Hoskin et. Al