O estudo KEYNOTE-040 não alcançou o objetivo primário de sobrevida global, mas a apresentação dos resultados no congresso da ESMO destacou a relevância clínica do anti PD-1 pembrolizumabe em pacientes com câncer de cabeça e pescoço recorrente ou metastático. "Mesmo que não tenha atingido o endpoint primário, ainda acho que é um estudo positivo", disse o pesquisador principal, Ezra Cohen, da Universidade da Califórnia.
KEYNOTE-040 é um estudo global de fase III, que incluiu 495 pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço recorrente ou metastático, após quimioterapia à base de platina. Os pacientes foram randomizados 1:1 para receber pembrolizumabe (n = 247) ou o padrão de cuidados (n = 248) por escolha do pesquisador (metotrexato, docetaxel ou cetuximabe).
A randomização foi estratificada de acordo com performance status ECOG (0 vs 1), status do HPV (p16 positivo vs negativo) e score de PD-L1 no tecido tumoral (≥50% vs <50%). O endpoint primário foi sobrevida global; endpoints secundários consideraram sobrevida global em pacientes com expressão de PD-L1 ≥1%, sobrevida livre de progressão (SLP) e taxa de resposta (ORR).
Resultados
Após um acompanhamento médio de 7,3 meses, 8,9% dos pacientes permaneceram em pembro (200 mg Q3W) e 0,9% no padrão de cuidados. A sobrevida global mediana foi apenas marginalmente maior no grupo que recebeu pembrolizumabe em comparação com o braço de tratamento padrão (8,4 versus 7,1 meses, HR= 0,81 IC 95% 0,66-0,99, P = 0,0204). No entanto, para um subgrupo de pacientes com maior expressão de PD-L1, pembrolizumabe foi associado a um resultado superior. Entre os pacientes com expressão de PD-L1 em mais de 50% das células tumorais, a sobrevida global mediana foi de 11,6 versus 7,9 meses (HR 0,54; IC 95%: 0,35-0,82, P = 0,0017). Não houve diferença na sobrevida livre de progressão.
Eventos adversos graus 3-5 foram observados em 13,4% dos pacientes tratados com pembro e em 36,3% dos pacientes tratados com o padrão de cuidados, com respectivamente 1,6% e 0,9% de mortes.
"Pembrolizumabe apresentou um perfil de toxicidade melhor que os tratamentos padrão", disse Cohen. "A exceção é o hipotireoidismo, que ocorreu em 13% dos tratados com pembro versus apenas 1% daqueles que receberam outros tratamentos", apontou.
Em conclusão, pembro reduziu em 19% o risco de morte comparado ao padrão de cuidados em pacientes com câncer de cabeça e pescoço de células escamosas, ainda que a margem de eficácia pré-especificada não tenha sido alcançada. 12,5% dos pacientes do braço de tratamento padrão migraram para o braço de pembrolizumabe, o que pode ter tido impacto na análise de sobrevida.
Diferenças em sobrevida global, sobrevida livre de progressão e taxa de resposta favoreceram o uso de pembro em pacientes com alta expressão de PD-L1.
O estudo KEYNOTE-040 está registrado na plataforma ClinicalTrials.gov (NCT02252042)
Referências:
Abstract LBA45_PR - Pembrolizumab (pembro) vs standard of care (SOC) for recurrent or metastatic head and neck squamous cell carcinoma (R/M HNSCC): Phase 3 KEYNOTE-040 trial