Pacientes jovens com câncer de mama submetidas à mastectomia relataram menor satisfação com a cosmética mamária e pior bem-estar psicossocial e sexual em comparação com aquelas que realizaram cirurgia conservadora da mama. Os resultados foram apresentados por Laura S. Dominici (foto), do Dana-Farber/Brigham e Women's Cancer Center, no San Antonio Breast Cancer Symposium.
“Historicamente, cerca de 75% das mulheres são elegíveis para a cirurgia conservadora da mama, mas muitas pacientes, especialmente as mais jovens, optam pela mastectomia bilateral”, disse a principal autora do estudo, Laura S. Dominici, do Dana-Farber / Brigham e Women's Cancer Center, professora assistente de cirurgia na Harvard Medical School.
Neste estudo, Dominici e colegas compararam os resultados de qualidade de vida em mulheres jovens em três cirurgias diferentes: cirurgia conservadora da mama, mastectomia unilateral e mastectomia bilateral. A partir de um questionário validado de qualidade de vida (BREAST-Q), os pesquisadores avaliaram 560 mulheres diagnosticadas com câncer de mama aos 40 anos de idade, entre outubro de 2016 e novembro de 2017. Da população avaliada, 28% receberam cirurgia conservadora e 72% mastectomia. Entre as que realizaram mastectomia, 89% receberam cirurgia reconstrutora.
Os pesquisadores identificaram que os escores médios no questionário de satisfação com a cosmética da mama, bem-estar psicossocial e sexual foram menores para mulheres que tiveram mastectomia ou mastectomia bilateral do que para aquelas tratadas com cirurgia conservadora da mama. A função física foi semelhante entre todos os grupos.
Em relação à satisfação com a cosmética mamária, aquelas que realizaram cirurgia conservadora tiveram escore médio de 65,9 contra 59,5 para o grupo de mastectomia unilateral e 60,3 para o grupo de mastectomia bilateral. Mulheres que realizaram cirurgia conservadora tiveram pontuação média de 76,1 no BREAST-Q, contra 70,5 no grupo de mastectomia unilateral e 68,1 no grupo de mastectomia unilateral.
No indicador de bem-estar sexual, aquelas que realizaram cirurgia conservadora tiveram média de 57,5, em comparação com 53,2 para o grupo de mastectomia unilateral e 48,6 para o grupo de mastectomia.
Para os autores, os resultados indicam a importância de fornecer às pacientes o máximo possível de informação para embasar o processo de tomada de decisão. “As mulheres estão cada vez mais envolvidas no processo de tomada de decisão, por isso devemos fornecer o máximo de informação sobre os resultados a longo prazo, incluindo dados de qualidade de da vida", concluiu a pesquisadora.