Em sua décima edição, o Franco-Brasileiro chega à maturidade, consolidando valores que incorpora desde a edição inaugural. Carla Ismael e Christian Domenge (foto) estão à frente do encontro, já tradicional na agenda da oncologia, e apontam os destaques do programa científico.
O que fica como a grande contribuição do programa científico desse X Congresso Franco-Brasileiro de Oncologia?
Os estudos mais importantes da atualidade, publicados na literatura internacional em periódicos de alto impacto, têm a participação de grandes expoentes da oncologia, nomes que marcam presença em nosso programa científico. É o caso de Benjamin Besse e William William, em câncer de pulmão, assim como temos a participação de Karim Fizazi, um dos nomes de maior expressão atualmente no câncer de próstata. Na oncologia mamária, Angelo Di Leo, do Instituto Toscano, é certamente outra referência internacional que nos prestigia este ano. Na área de sarcomas, Axel Le Cesne, do Instituto Gustave-Roussy, é uma das grandes autoridades mundiais e novamente integra o programa científico para compartilhar os avanços mais significativos, com impacto na nossa prática diária. Outro nome de expressão na oncologia é Ana Ferreira Castro, do Grupo de Estudos Português de Câncer de Cabeça e Pescoço, que soma contribuição de alto nível à qualidade do programa científico.
O X Congresso inova justamente por abrigar nesta edição o I Simpósio do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço.
É realmente uma proposta muito importante. Primeiro, vale destacar a participação da oncologista Aline Chaves, que está comandando esse esforço. É um grupo multidisciplinar que está bastante motivado a fazer pesquisa para a realidade brasileira e quer reunir os profissionais envolvidos na prevenção, diagnóstico e tratamento. A proposta é valorizar a pesquisa multicêntrica dirigida ao panorama brasileiro. Isso é fundamental e, sobretudo, mostra caminhos para a prevenção e tratamento do câncer de cabeça e pescoço. A ideia é realizar uma verdadeira cartografia do câncer de cabeça e pescoço, revelando, inclusive, qual a participação do HPV na etiologia do câncer oral, por exemplo, e qual a carga associada ao tabagismo e ao etilismo. Esse trabalho do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço deve impulsionar uma nova postura das instituições e impactar, inclusive, políticas de saúde.
E a premiação deste X Congresso Franco-Brasileiro?
O Prêmio Gustave Roussy é uma tradição e este ano o reconhecimento vai para Axel Le Cesne, pelo trabalho de fôlego desenvolvido em sarcomas. Essa premiação empresta o nome do patologista que hoje designa uma das maiores instituições dedicadas à prevenção e tratamento do câncer na França, que é o Instituto Gustave Roussy, em Villejuif. Gustave Roussy foi um dos precursores da pesquisa em câncer e seu nome é associado hoje ainda à inovação, à pesquisa básica e translacional, sintetizando toda essa enorme contribuição que dedicou à oncologia. O premiado do X Congresso Franco-Brasileiro, Axel Le Cesne, é um expoente na pesquisa e tratamento de sarcomas. É uma referência mundial, membro da EORTC para a pesquisa de sarcomas de partes moles, professor da Faculdade de Medicina Paris-Sud e autor de mais de 250 artigos científicos em revistas indexadas.