As discussões na genômica do câncer de pulmão e suas implicações para o rastreamento da doença, prognóstico e detecção precoce de recaídas foram tema da apresentação do oncologista William N. William Jr. (foto), diretor do Departamento de Oncologia e Hematologia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, e Professor Associado da Universidade do Texas - MD Anderson Cancer Center durante o X Congresso Franco-Brasileiro de Oncologia. “Um progresso considerável foi alcançado nos últimos dois anos no estudo do câncer de pulmão inicial”, afirmou o especialista.
Por William N. William Jr.
Oxnard et al. apresentaram recentemente resultados preliminares do estudo CCGA (Circulating Cancer Genome Atlas). Nesta coorte inicial, 2.800 pacientes participaram de uma subanálise de caso-controle para avaliar a sensibilidade de DNA livre circulante no diagnóstico do câncer de pulmão. Este esforço identificou a necessidade de considerar também o estudo do material genético dos glóbulos brancos. Os autores demonstraram aumento da sensibilidade do DNA livre circulante em pacientes em estágio avançado e em pacientes com tumores clinicamente detectáveis. O esforço do CCGA pode contribuir para o desenvolvimento de testes sanguíneos para rastreamento do câncer de pulmão, mitigando alguns dos obstáculos associados à atual triagem por TC em baixas doses.
Em 2017, duas publicações importantes do Programa TracerX lançaram luz sobre os mecanismos genéticos da carcinogênese pulmonar. O grupo com base no Reino Unido demonstrou que em câncer de pulmão não pequenas células ressecável, um alto nível de alterações no número de cópias de genes subclonais está associado à diminuição da sobrevida livre de doença. Os investigadores conseguiram demonstrar que a instabilidade cromossômica e duplicação do genoma contribuem para a heterogeneidade do tumor, e que as mutações alvo mais clinicamente estabelecidas (p.ex., mutações de EGFR e mutações de BRAF) para eventos clonais precoces em adenocarcinomas de pulmão. O mesmo grupo também demonstrou que a amostragem longitudinal de DNA livre circulante antes e após a cirurgia pode detectar recorrências com um lead time significativo, assim como pode indicar resistência à quimioterapia adjuvante e determinar a população de células subclonais na recaída.
Os avanços significativos na compreensão dos eventos genômicos do câncer de pulmão inicial certamente contribuirão para melhorar as estratégias terapêuticas para essa doença.
Referências
J Clin Oncol 36, 2018 (suppl; abstr LBA8501)
N Engl J Med. 376(22):2109-2121, 2017
545(7655): 446–451, 2017.