A oncologista Renata D’Alpino Peixoto (foto), membro do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG) e coordenadora do departamento de tumores gastrointestinais e neuroendócrinos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, analisa qual a melhor estratégia de conversão em metástases hepáticas do câncer colorretal.
Sabemos que pacientes com câncer colorretal metastático para fígado inicialmente irressecáveis, mas passíveis de ressecção em caso de resposta, podem atingir taxas de sobrevida global semelhantes a pacientes com doença inicialmente ressecável. Embora a real conversão ocorra em aproximadamente apenas 15% dos casos, este sempre deve ser o objetivo para tais pacientes. Por conta disso, a abordagem dos casos de doença hepática passível de conversão em caso de resposta deve ser multidisciplinar e envolver equipe experiente.
Em relação ao melhor regime de tratamento para se atingir a conversão, devemos levar em consideração especialmente o status de RAS, a lateralidade e se o paciente já fez uso prévio de algum regime. De uma forma geral, devemos utilizar o regime com maior taxa de resposta e pelo menor tempo possível, com o intuito de evitar toxicidade hepática.
Para pacientes com RAS mutado ou lado direito RAS selvagem, damos preferência ao regime triplo com FOLFOXIRI, podendo-se adicionar ou não o bevacizumabe. Já para pacientes com tumores RAS selvagem lado esquerdo, tanto esquemas duplos (FOLFOX ou FOLFIRI) com cetuximabe ou panitumumabe ou esquema triplo (FOLFOXIRI) com ou sem bevacizumabe estão associados a altas taxas de resposta.
Infelizmente, poucos estudos prospectivos avaliaram o sucesso das terapias de conversão no câncer colorretal metastático. A maioria dos dados de que dispomos são de estudos randomizados desenhados para avaliar terapia de primeira linha e que, retrospectivamente olharam para taxa de conversão. Diante da escassez de dados randomizados, a noção que impera é a necessidade da maior taxa de resposta possível.