Mateus De Bacco (foto) é o primeiro autor de estudo brasileiro apresentado no simpósio ASCO GU 2019 que avaliou a expressão de PD-L1 e p16 em pacientes com câncer de pênis de células escamosas, um tumor raro, mas que registra no Brasil uma das maiores taxas mundiais de incidência. Os achados mostram que a positividade para PD-L1 foi associada com maior tamanho do tumor (p=0,027), taxas mais elevadas de proliferação e piores desfechos clínicos.
Como resultado da heterogeneidade do carcinoma de pênis de células escamosas, diferentes comportamentos biológicos têm sido observados em populações distintas. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre a expressão de PD-L1 e p16 e os desfechos clínicos dos pacientes de uma região endêmica no Brasil.
Os pesquisadores utilizaram amostras fixadas em formalina e embebidas em parafina (FFPE) de 35 pacientes com câncer de pênis de células escamosas. A expressão de PD-L1 e p16 foi avaliada por imuno-histoquímica. A positividade de PD-L1 (PD-L1+) foi definida como ≥ 1% de coloração da membrana de células tumorais utilizando o anticorpo ZR3.
A expressão de p16 foi considerada positiva quando >10% das células foram coradas. As características basais, incluindo tamanho do tumor, estágio, grau, subtipo e dados de sobrevida foram coletadas. Comparações entre a expressão de PD-L1 e/ou p16 e as características clínico-patológicas também foram realizadas. O modelo de Cox testou a associação da expressão de PD-L1 e / ou p16 e sobrevida em 5 anos.
Resultados
As características clínicas foram resumidas de acordo com a expressão de PD-L1 (tabela 1). A positividade para PD-L1 foi significativamente associada ao maior tamanho tumoral (p = 0,027) e a expressão de p16, um substituto para a infecção por HPV (p = 0,002). Houve uma tendência não estatisticamente significativa para menor sobrevida em 5 anos para os pacientes com PD-L1 + / p16 + vs. PD-L1- / p16- (30,8% vs. 60,6% HR: 2,27 IC 95% - 0,61-8,42 p = 0,22).
Em conclusão, a expressão de PD-L1 parece estar associada à expressão de p16, tumores maiores, maior taxa proliferativa e piores desfechos clínicos em pacientes com câncer de pênis de células escamosas. Os achados fornecem uma justificativa adicional para o emprego de inibidores de PD1 / PD-L1 sozinhos ou em combinação com quimioterapia na doença avançada em regiões endêmicas.
PD-L1 - | PD-L1 + | p | |
n = 17 | n = 18 | ||
Size, cm | 0.027 | ||
mean | 2.60 | 4.25 | |
range | 1.5 – 5.5 | 1.7 – 16.0 | |
Type | 0.338 | ||
usual | 14 (82.4%) | 17 (94.4%) | |
verrucous | 3 (17.6%) | 3 (5.6%) | |
Grade | 0.061 | ||
I | 9 (52.9%) | 4 (22.2%) | |
II | 8 (47.1%) | 11 (61.1%) | |
III | 0 | 3 (16.7%) | |
Clinical Stage | 0.691 | ||
local | 14 (82.4%) | 13 (72.2%) | |
advanced | 3 (17.6%) | 3 (27.8%) | |
Ki-67 >10% | 3 (17.6%) | 12(66.7%) | 0.006 |
p16 + | 4 (23.5%) | 14 (77.8%) | 0.002 |
Referências: PD-L1 and p16 expression in penile squamous cell carcinoma from an endemic region - Mateus Webber De Bacco, Andre P. Fay, Gustavo Carvalhal, Josenel Copetti, Bradley Alexander McGregor, Guru Sonpavde, Mario Wagner - J. Clin Oncol 37, 2019 (Suppl 7S; abstr 515)