Com o objetivo de caracterizar a resposta imune adaptativa às lesões precursoras do carcinoma de células escamosas de pulmão, estudo apresentado no simpósio ASCO SITC 2019 foi desenhado para descrever o comportamento dos receptores de células T em lesões precursoras e sua associação com características clínicas, patológicas e moleculares do câncer pulmonar.
Neste estudo, os pesquisadores avaliaram biópsias endobrônquicas (n = 294) e escovações (n = 137) de indivíduos de alto risco (n = 50) submetidos a rastreamento de câncer de pulmão em intervalos de aproximadamente 1 ano, através de broncoscopia de fluorescência guiada por tomografia computadorizada. As amostras foram analisadas por sequenciamento de RNA (RNA-Seq) como parte do Atlas do Genoma Pré-Câncer (PCGA) e sequências específicas de receptores de células T (TCRs) foram identificadas a partir da ferramenta TRUST (TCR Repertoire Utilities para Solid Tissue / Tumor) aplicada aos dados de RNA-Seq.
A análise apresentada no ASCO SITC2019 traz os TCRs privados, encontrados em apenas um paciente, e públicos, aqueles encontrados em dois ou mais pacientes, além de estabelecer a correlação da diversidade de TCRs com assinaturas transcricionais de lesões precursoras do carcinoma de células escamosas e subtipos moleculares. Os TCRs também foram correlacionados com carga mutacional entre um subconjunto de biópsias (n = 115) , com sequenciamento completo do exoma.
Resultados
Foram detectadas 40.421 sequências de TCRs únicas, das quais 3.396 (8,4%) foram encontradas em mais de uma amostra e 1.057 (2,6%) foram encontradas em dois ou mais pacientes (TCRs Públicos). Os TCRs públicos apresentaram maior expressão de antígenos conhecidos (p <0,001). Em lesões pré-malignas de pulmão, um subtipo molecular proliferativo reflexo de displasia (n = 80) mostrou que a diversidade de TCR foi diminuída em lesões pré-malignas que regrediram versus aquelas que progrediram (p = 0,045). A diversidade de TCR foi negativamente associada com uma assinatura transcricional de ativação imune mediada por células T (Spearman rho -0,26, p <0,001), mas não foi associada com carga mutacional.
Em conclusão, os autores registram que esta é a primeira caracterização do comportamento de TCRs associado a lesões pré-malignas brônquicas. A diversidade de TCR pode ajudar a prever a eficácia da resposta imune do hospedeiro a lesões precursoras, mas não está associada à carga mutacional.
Referência: Characterizing the T cell repertoire in lung squamous cell premalignancy and its association with lesion outcome. - Asaf Maoz et al - J Clin Oncol 37, 2019 (suppl 8; abstr 102)