Alterações no receptor do fator de crescimento de fibroblastos (FGFR) estão implicadas no colangiocarcinoma. A ESMO 2019 apresentou resultados de pemigatinibe, um inibidor seletivo de FGFR1, 2 e 3 que mostrou eficácia e segurança em pacientes com colangiocarcinoma. Os dados do estudo FIGHT-202 foram apresentados por Arndt Vogel (foto), professor de oncologia gastrointestinal na Hannover Medical School, Alemanha.
Neste estudo Fase II, aberto, de braço único, pemigatinib foi avaliado em pacientes com doença localmente avançada ou metastática. Foram elegíveis pacientes adultos em progressão da doença após 1 tratamento anterior, com status conhecido do gene FGF / FGFR, estratificados em 3 coortes: A (rearranjos ou fusão de genes FGFR2), B (outras alterações do gene FGF / FGFR) ou C (nenhuma alteração nos genes FGF / FGFR). Os pacientes receberam pemigatinibe oral 13,5 mg QD (ciclo de 21 dias, com 2 semanas de tratamento e 1 semana de pausa), até progressão da doença ou toxicidade inaceitável. O endpoint primário foi taxa de resposta objetiva confirmada (ORR; coorte A); endpoints secundários incluíram ORR (coortes B, A+B e C); duração de resposta (DOR), taxa de controle da doença (DCR), sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG) e segurança.
Resultados
Um total de 146 pacientes foram inscritos (coorte A, n = 107; B, n= 20; C, n=18; indeterminado, 1 paciente). A idade média foi de 59 anos (26-78); 61% e 39% tinham 1 e 2 terapias anteriores, respectivamente. Menos pacientes interromperam a terapia na coorte A (71%) vs B e C (cada 100%), principalmente na doença progressiva (53%, 75%, e 67%, respectivamente).
A ORR na coorte A foi de 35,5% (IC 95%, 26,5% -45,4%), com 3 respostas completas. A mediana de DOR foi de 7,5 meses (IC 95%, 5,7-14,5) . A DCR foi de 82% (IC 95%, 74% -89%), enquanto a mediana de SLP e de SG foi de 6,9 meses (IC 95%, 6,2-9,6) e 21,1 (14,8 - não alcançado), respectivamente. Nas coortes B e C, nenhum paciente alcançou resposta.
Em relação ao perfil de segurança, os eventos adversos mais comuns (EAs) foram hiperfosfatemia (60%; grau 3, 0%), alopecia (49%; 0%), diarreia (47%; 3%), fadiga (42%; 5%), toxicidade nas unhas (42%; 2%) e disgeusia (40%; 0%). A hiperfosfatemia foi gerenciada com modificações na dieta e ligantes de fosfato, se necessário; diuréticos ou reduções / interrupções de dose. Descontinuação, redução da dose e interrupção devido a EAs ocorreram em 9%, 14% e 42% dos pacientes, respectivamente.
Em conclusão, esses dados apoiam o uso de pemigatinibe como possível opção de tratamento para pacientes com colangiocarcinoma com rearranjos / fusões do gene FGFR2.
Identificação do ensaio clínico: NCT02924376.
Referência: LBA 40 FIGHT-202: A phase II study of pemigatinib in patients (pts) with previously treated locally advanced or metastatic cholangiocarcinoma (CCA)