Gabriela Gomez (foto), biomédica doutoranda da Universidade de Campinas (UNICAMP), apresentou na sessão de pôster da ESMO 2019 estudo que buscou verificar se as variantes genéticas de base única (SNVs) no gene STAT3 (c.*1671T>C, c.-1937C>G) influenciam o risco, as manifestações clínicas e biológicas e a sobrevida dos pacientes com melanoma cutâneo.
O melanoma cutâneo apresenta alto potencial metastático. A via de sinalização Janus kinase/Signal tranducer (JAK/STAT), com as proteínas JAK1, JAK2 e STAT3, regula o desenvolvimento, a progressão e o potencial metastático do tumor. Essas proteínas são codificadas por genes polimórficos em humanos e, assim, é possível que indivíduos normais apresentem diferenças herdadas na funcionalidade desta via, com diferentes riscos para a ocorrência do MC, diferentes aspectos clinicopatológicos do tumor e sobrevida dos pacientes.
Métodos
Foram avaliados 248 pacientes com melanoma cutâneo atendidos nos ambulatórios de Oncologia Clínica e Dermatologia do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e 274 controles, doadores de sangue, do Hemocentro da UNICAMP. Os pacientes receberam terapêutica convencional com cirurgia, radioterapia e quimioterapia.
As genotipagens foram realizadas por meio da reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR). A expressão gênica da SNV de interesse, ou seja, aquele que apresentar associação com risco, manifestações clinicopatológicas e/ou sobrevida foram complementados pelo ensaio da luciferase e PCR quantitativo em linhagem celular de melanoma SK-MEL-28 modificada geneticamente para apresentar os genótipos homozigoto ancestral e homozigoto variante.
Foi verificado se os lóci das SNVs estão em equilíbrio de Hardy-Weinberg em amostras de pacientes e controles. O significado estatístico das diferenças entre grupos foi calculado pelo teste de Fisher ou qui-quadrado. Os riscos de ocorrência do melanoma cutâneo, a que pacientes e controles foram submetidos, foram obtidas por meio das razões das chances. As comparações de expressões gênica foram realizadas por meio dos testes t e ANOVA ou teste de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, as análises de sobrevida foram calculadas pelo Kaplan-Meier, e teste do log-rank e por análises de Cox.
Resultados
O estudo demonstrou que indivíduos com genótipo STAT3 c.*1671 TT e STAT3 c.-1937 CC tiveram cerca de duas vezes mais risco de desenvolver melanoma cutâneo. Indivíduos com o haplotipo TC das variantes nos genes STAT3 (c.*1671T e c.-1937 C) tiveram 1,64 mais risco de desenvolver MC que os outros haplotipos. Também foi observado um aumento na atividade promotora na região do gene STAT3 e aumento do RNAm em linhagem SK-MEL-28 em células com o genótipo CC da variante STAT3 c.-1937C>G comparada com as células com o genótipo GG.
“Os resultados deste estudo podem contribuir para o melhor entendimento da fisiopatologia do melanoma cutâneo e identificar indivíduos com alto risco para a ocorrência do tumor para estratégias de prevenção e diagnóstico precoce”, conlui Gabriela.
Referência: Modulation of Risk of Cutaneous Melanoma Patients by Variants in STAT3 Gene and Functional Analysis - G.V.B. Gomez, L.M.O. Monteiro, R.S. Rocha, G.J. Lourenço, C.S.P. Lima - Annals of Oncology (2019) 30 (suppl_5): v1-v24. 10.1093/annonc/mdz238