Onconews - Biopsia estereotáxica a vácuo mostra resultados em pacientes brasileiros

gebrim bxQuase 2 mil mulheres atendidas no Hospital Estadual Pérola Byington realizaram a chamada biópsia estereotáxica assistida a vácuo (VASB) para a remoção e análise de lesões de mama suspeitas de câncer. O mastologista Luiz Henrique Gebrim (foto) é autor senior do estudo, selecionado para apresentação em poster no San Antonio Breast Cancer Symposium 2019.

 

O padrão-ouro para procedimentos de biópsia mamária é atualmente uma excisão aberta da lesão suspeita. No entanto, o custo e a morbidade associados à biopsia excisional concorreram para o surgimento de procedimentos alternativos menos invasivos, a exemplo da biópsia de mama estereotáxica assistida a vácuo (VASB).

Com o objetivo de avaliar a precisão do VASB na investigação de calcificações suspeitas, este estudo retrospectivo avaliou 1.809 mulheres com calcificações suspeitas detectadas na mamografia (BI-RADS 4 e 5), de julho de 2012 a junho de 2019. Essas mulheres realizaram a VASB guiada por imagem no Hospital Estadual Pérola Byington, usando o dispositivo Surus Pearl (Hologic, Malbolrough, Massachusetts, EUA), com sonda calibre 9.

Os fragmentos foram obtidos e enviados para estudo anatomopatológico; um clipe de metal foi colocado no local da biópsia. Com base nos resultados, ​​quatro grupos de lesões foram caracterizados: lesões benignas, lesões precursoras, carcinoma ductal in situ (DCIS) e lesões malignas.

Pacientes com casos positivos ou discordantes foram submetidos a tratamento cirúrgico e os resultados obtidos antes da biópsia foram comparados aos resultados da cirurgia. 

Resultados

A idade média dos pacientes foi de 55 anos (49-63). Os resultados da patologia na VASB e na cirurgia foram classificados, respectivamente, como benignos n = 1.179 (65,1%), lesões precursoras n = 97 (5,4%), DCIS n = 414 (22,9%) e malignos n = 119 (6,6%).

As lesões benignas e precursoras foram agrupadas para formar um novo grupo (lesões de menor risco) enquanto DCIS e lesões malignas também constituíram novo grupo de análise (lesões de maior risco). As curvas ROC e a AUC foram calculadas para comparar os resultados dos grupos de menor e maior risco de acordo com a VASB e os resultados da cirurgia (AUC = 0,642). O teste X2 foi realizado entre os dois grupos de análise (p <0,05).

A sensibilidade do método foi de 84,4%, a especificidade de 96,1%, a taxa de falsos-negativos foi de 4,5%, o valor preditivo positivo (VPP) foi de 89,8% e o valor preditivo negativo (VPN) de 93,8%.

“O método VASB possui boa acurácia para distinguir grupos de lesões de menor e maior risco em comparação ao padrão-ouro”, concluem os autores, indicando que o método possui alto valor preditivo em lesões benignas e malignas.

Referência: Poster Session 4 - P4-03-03. Accuracy of stereotactic vacuum-assisted breast biopsy for investigating suspicious calcifications in 1,809 patients a public hospital in Brazil - Andressa Amorim et al