Onconews - TAPUR: olaparibe no câncer de próstata e pâncreas BRCA-mutado

DNA 2017 NET OKOs resultados positivos de duas coortes do estudo Targeted Agent and Profiling Utilization Registry (TAPUR) fornecem evidências de mundo real para apoiar dados recentes de ensaios clínicos que demonstram o papel do olaparibe no tratamento de câncer de próstata e pâncreas avançado com mutações BRCA1/2. Os resultados foram selecionados para o programa científico do ASCO 2020 (Abstracts #4637 e #5567).

Em duas pequenas coortes, o tratamento com olaparibe resultou em respostas objetivas ou doença estável por pelo menos 16 semanas em mais de dois terços (68%) dos pacientes com câncer de próstata avançado e mutações inativadoras de BRCA1/2 e quase um terço (31%) de pacientes com câncer de pâncreas avançado BRCA1/2-mutado.

"Faz sentido que uma terapia-alvo que funcione e tenha sido aprovada para um tipo de câncer com uma mutação específica também possa ser eficaz para outros tipos de câncer com a mesma mutação", disse Richard L. Schilsky, vice-presidente executivo da ASCO. "O TAPUR fornece dados de uma população mais ampla de pacientes do que a incluída nos ensaios pivotais de olaparibe nessas indicações e apoia sua segurança e eficácia em pacientes intensamente pré-tratados”, acrescentou. 

O TAPUR é o primeiro ensaio clínico realizado pela ASCO, um basket trial de fase II que avalia a atividade antitumoral de terapias-alvo comercialmente disponíveis em pacientes com câncer avançado com alterações genômicas específicas, independentemente do sítio tumoral. Nos estudos apresentados no ASCO 2020 foram apresentados resultados em uma coorte de pacientes com câncer de pâncreas e próstata com mutações inativadoras de BRCA1/2 na linhagem germinativa ou somática tratados com olaparaibe.

Atualmente, o estudo conta com cerca de 1.900 pacientes inscritos em mais de 115 centros de câncer, hospitais e clínicas de oncologia nos Estados Unidos. 

Câncer de próstata 

O primeiro estudo incluiu 29 pacientes com câncer de próstata avançado com mutação BRCA1/2 na linhagem germinativa ou somática. Os pacientes elegíveis apresentavam doença mensurável, função orgânica adequada, performance status ECOG 0-2 e sem opções de tratamento padrão disponíveis. Os pacientes receberam olaparibe 300 mg (n = 27) ou 400 mg (n = 3), respectivamente, via oral, duas vezes ao dia até a progressão da doença.

Foram avaliadas a taxa de controle de doença (DC), resposta objetiva (OR) ou doença estável com mais de 16 semanas (SD16 +) de acordo com RECIST. Os pacientes tiveram avaliações radiográficas em 8 e 16 semanas, e depois a cada 12 semanas. Os desfechos secundários foram sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG) e segurança.

Nos 25 pacientes avaliados quanto à eficácia, 68% dos pacientes tiveram resposta objetiva (9 pacientes) ou doença estável por pelo menos 4 meses (8 pacientes). Três pacientes tiveram pelo menos um evento adverso de grau 3 ou evento adverso grave possivelmente relacionado ao olaparibe, incluindo anemia, aspiração, desidratação, cetoacidose diabética, fadiga e neutropenia. Os eventos relatados foram consistentes com a bula do medicamento.

Em conclusão, a monoterapia com olaparibe demonstrou atividade antitumoral em pacientes intensamente pré-tratados com câncer de próstata e mutações inativadoras de BRCA1/2 na linhagem germinativa (1/2 pacientes com OR ou SD16+) ou somática (16/23 pacientes com OR ou SD16+). Os achados ampliam os resultados de estudos recentes de olaparibe em pacientes com câncer de próstata avançado com mutações BRCA1/2 apenas na linhagem germinativa.

Informação sobre o ensaio clínico: NCT02693535.

Câncer de pâncreas

A segunda coorte incluiu 30 pacientes com câncer de pâncreas avançado com mutações inativadoras de BRCA1 / 2 previamente tratadas com terapia à base de platina. Os pacientes elegíveis apresentavam doença mensurável, ECOG Performance Status (PS) 0-2, função orgânica adequada e sem opções de tratamento padrão disponíveis. Os pacientes receberam olparibe oral duas vezes por dia, nas doses 300 mg (n=27) ou 400 mg (n=3).

Nos 26 pacientes avaliados quanto à eficácia, 31% dos pacientes tiveram resposta objetiva (resposta parcial em 1 paciente) ou doença estável por pelo menos 4 meses (7 pacientes). Quatro pacientes apresentaram pelo menos 1 evento adverso grave ou adverso de grau 3, possivelmente relacionado ao olaparibe.

Os autores concluíram que a monoterapia com olaparibe mostrou atividade antitumoral em pacientes intensamente pré-tratados com câncer de pâncreas com com mutações BRCA1/2 na linhagem germinativa (5/12 pacientes com OR ou SD16 +) ou somáticos (3/16 pacientes com OR ou SD16 +), estendendo os achados de estudos recentes de olaparibe em pacientes com câncer pancreático avançado.

Informação sobre o ensaio clínico: NCT02693535.

Referências

Abstract #5567 - Olaparib (O) in patients (pts) with prostate cancer with BRCA1/2 inactivating mutations: Results from the Targeted Agent and Profiling Utilization Registry (TAPUR) study.

Abstract #4637 - Olaparib (O) in patients (pts) with pancreatic cancer with BRCA1/2 inactivating mutations: Results from the Targeted Agent and Profiling Utilization Registry (TAPUR) study.