Análise retrospectiva com 26.768 adultos jovens com idade ≤ 40 anos e câncer colorretal mostra que aqueles que vivem em áreas de baixa renda (menos de US $ 38.000) e menor escolaridade (conclusão do ensino médio abaixo de 79%) têm risco de morte 24% maior. O estudo é um dos destaques do Simpósio de Câncer Gastrointestinal (ASCO GI 2020), que acontece de 23 a 25 de janeiro em San Francisco, Califórnia.
A cada ano, mais de 16 mil pessoas com menos de 50 anos são diagnosticadas com câncer colorretal nos Estados Unidos, onde as taxas de incidência nessa população cresceram 51% desde 1994, com aumento mais acentuado na faixa de 20 a 29 anos.
"Existem muitas disparidades nos cuidados de saúde", disse o autor principal, Ashley Matusz-Fisher, médico do Levine Cancer Institute, em Charlotte, EUA. “É importante olhar para as disparidades sociodemográficas para que possamos aprender mais e tentar eliminá-las".
Os pesquisadores usaram dados do Banco Nacional de Câncer de 26.768 adultos jovens diagnosticados com câncer colorretal entre 2004 e 2016. Cerca de metade dos pacientes era do sexo masculino (51,6%) e metade do sexo feminino (48,4%), a maioria branca (78,7%), 14,6% negra e 6,6% de outras raças.
Os pesquisadores categorizaram os pacientes com base no local de residência, considerando áreas de baixa ou alta renda, além do perfil de escolaridade. Cerca de 32% dos pacientes residiam nas áreas de maior renda (mediana de US $ 68.000 ou mais) e 18,4% em áreas de menor renda (mediana de US $ 38.000 ou menor). Cerca de um quarto dos pacientes (23%) moravam em áreas com maiores taxas de escolaridade (pelo menos 93% dos alunos se formam) e 20% em áreas com menor escolaridade (menos de 79% dos alunos concluem o ensino médio). Além disso, cerca de 32% moravam em áreas metropolitas e 18,4% em áreas urbanas.
Conclusões
Pacientes adultos jovens que moram em áreas de menor renda e menor nível de instrução tiveram risco de morte 24% maior em comparação com aqueles das áreas de maior renda e maior escolaridade. Além disso, depois de ajustar os dados por raça, estágio do câncer (T/N), comorbidades (escore de Charlson-Deyo) e seguro-saúde, os pesquisadores identificaram que pacientes de áreas urbanas tiveram risco de morte 10% maior em comparação com aqueles de áreas metropolitanas, independentemente da faixa de renda. Pacientes diagnosticados com câncer em estágio IV nas áreas de menor renda também tiveram pior sobrevida global mediana em comparação com aqueles que residem em áreas de maior renda.
Pacientes de baixa renda eram predominantemente negros, sem seguro- saúde privado, com mais comorbidades e câncer mais avançado.
“Mais esforços são necessários para eliminar disparidades e alcançar a equidade em saúde”, concluem os autores.
Referências:
Abstract 13: Sociodemographic disparities in young adults with colorectal cancer (CRC): Analysis of 26,768 patients in the National Cancer Database (NCDB).
JNCI: Journal of the National Cancer Institute,Volume 109, Issue 8, August 2017, djw322, https://doi.org/10.1093/jnci/djw322