Onconews - ASCO GI: qualidade de vida de pacientes com câncer colorretal e hepático

QUALIDADE VIDA NET OKOs resultados relatados por pacientes de dois estudos mostraram que a qualidade de vida é mantida por mais tempo com combinações de medicamentos mais recentes em comparação com o padrão de tratamento em pacientes com câncer colorretal BRAF V600E mutado e carcinoma hepatocelular irressecável. Os trabalhos estão entre os destaques do Simpósio ASCO GI 2020, que acontece entre os dias 23 e 25 de janeiro em San Francisco, Califórnia.

 

A combinação do anti-PD-L1 atezolizumabe e do anti-VEGF bevacizumabe atrasou a deterioração na qualidade de vida em comparação com sorafenibe (atual padrão de tratamento) em pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC) irressecável.

Os resultados são do estudo fase III IMbrave 1501, que comparou atezolizumabe mais bevacizumabe versus sorafenibe isolado como tratamento de primeira linha para pacientes com carcinoma hepatocelular que não haviam recebido terapia sistêmica prévia. O endpoint primário de sobrevida global foi apresentado no Congresso Asiático da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) em novembro de 2019. Na ocasião, a mediana de sobrevida global ainda não havia sido alcançada para atezolizumabe mais bevacizumabe em comparação com 13,2 meses de SG para pacientes que receberam sorafenibe isolado. A taxa de resposta global foi de 27% com atezolizumabe mais bevacizumabe e 12% para sorafenibe.

Agora, os pesquisadores apresentam os resultados relatados pelos pacientes sobre o tempo de deterioração da qualidade de vida, endpoint secundário pré-especificado do estudo. Os pacientes foram randomizados 2:1 para receber atezo 1200 mg IV q3w + bev 15 mg/kg IV q3w ou sor 400mg PO BID até perda de benefício clínico ou toxicidade inaceitável. O tempo para deterioração, avaliado por duas ferramentas de qualidade de vida validadas, foi definido como uma diminuição de 10 pontos do baseline nos principais resultados relatados pelos pacientes.

Os pacientes preencheram dois questionários (EORTC QLQ-C30 e EORTC QLQ-HCC18) para avaliar a qualidade de vida, o funcionamento físico e o funcionamento do papel no início do estudo, a cada três semanas durante o tratamento e a cada três meses após a interrupção do tratamento. As taxas de preenchimento do questionário foram de cerca de 92%.

A mediana de tempo para deterioração da qualidade de vida foi de 11,2 meses para o tratamento combinado em comparação com 3,6 meses para o sorafenibe (HR, 0,63 [95% CI: 0,46, 0,85]). Os declínios no funcionamento físico também foram adiados com o tratamento combinado, com um atraso médio de 13,1 meses com atezolizumabe e bevacizumabe, em comparação com 4,9 meses com sorafenibe (HR, 0,53 [95% CI: 0,39, 0,73]).

"Como reflete tanto os efeitos da doença como os eventos adversos do tratamento, a qualidade de vida sustentada ou aprimorada é particularmente importante para os pacientes", disse Peter Galle, médico do University Medical Center em Mainz, Alemanha, e principal autor do estudo. “Pacientes com câncer de fígado são geralmente muito frágeis, e a toxicidade dos tratamentos pode ser muito mais grave para esses pacientes, afetando rapidamente sua qualidade de vida”, observou.

O estudo foi financiado por F. Hoffmann-La Roche, Ltd.

Qualidade de vida no câncer colorretal metastático BRAF V600E mutado

Os resultados de qualidade de vida relatados pelos pacientes do estudo randomizado de fase III BEACON CRC2, global, aberto, de 3 braços, mostraram que pacientes com câncer colorretal BRAF V600E mutado tratados com regimes de tratamento duplo ou triplo (encorafenibe e cetuximabe, com ou sem binimetinibe) conseguiram manter sua qualidade de vida por mais tempo em comparação com o padrão atual de tratamento (irinotecano mais cetuximabe ou FOLFIRI mais cetuximabe). A mutação BRAF V600E ocorre em cerca de 10% dos pacientes com CCR3 e apresenta um prognóstico ruim.

Os dados de eficácia foram publicados anteriormente no New England Journal of Medicine4. 665 pacientes foram randomizados para receber o esquema triplo (n=224), duplo (n=220) ou controle (n=221). A mediana de sobrevida global foi de 9,0 e 8,4 meses com os regimes triplo e duplo, em comparação com 5,4 meses no grupo controle de pacientes que receberam irinotecano mais cetuximabe ou FOLFIRI mais cetuximabe (SG, HR: 0,52, P <0,0001).

A qualidade de vida, endpoint secundário do estudo, foi avaliada no baseline e após cada ciclo de tratamento utilizando quatro ferramentas de medição validadas: Questionário de QV da European Organisation for Research and Treatment of Cancer (EORTC), Avaliação Funcional da Terapia do Câncer, EuroQol 5D 5L e Escala de Percepção Global de Mudança (PGIC).

A redução no risco de deterioração da qualidade de vida foi estimada em 45% (HR 0,55, 95% CI: 0,43, 0,70) e 44% (HR 0,56, 95% CI: 0,44, 0,71) nas avaliações do EORTC QLQ C30 e FACT C, respectivamente, a favor do regime triplo em relação ao grupo controle. Para o regime duplo vs. controle, a redução no risco de deterioração da QV foi estimada em 46% (HR 0,54, 95% CI: 0,43, 0,69) e 43% (HR 0,57, 95% CI: 0,45, 0,72) no EORTC QLQ C30 e FACT C, respectivamente a favor do regime duplo. Resultados semelhantes foram observados nas avaliações EuroQol 5D 5L e PGIC. Não houve diferenças gerais na qualidade de vida entre os regimes triplo e duplo nos quatro instrumentos de avaliação da qualidade de vida.

"Os resultados demonstram que com esses novos regimes de terapia-alvo, não apenas a doença foi controlada por mais tempo, mas a qualidade de vida relatada pelo paciente foi mantida por mais tempo", disse Scott Kopetz, professor de Oncologia Gastrointestinal no MD Anderson Cancer Center da Universidade do Texas, em Houston e principal autor do estudo.

O estudo foi financiado pela Pfizer, Inc.

Referências:

1 - Abstract 476: Patient-reported outcomes (PROs) from the Phase III IMbrave150 trial of atezolizumab (atezo) + bevacizumab (bev) vs sorafenib (sor) as first-line treatment (tx) for patients (pts) with unresectable hepatocellular carcinoma (HCC). - Peter R. Galle et al

2 - Abstract 8: Encorafenib plus cetuximab with or without binimetinib for BRAF V600E-mutant metastatic colorectal cancer: Quality-of-life results from a randomized, three-arm, phase III study versus the choice of either irinotecan or FOLFIRI plus cetuximab (BEACON CRC). - Scott Kopetz et al

3 - Muzny DM, Bainbridge MN, Chang K, et al. Comprehensive molecular characterization of human colon and rectal cancer. Nature. 2012;487:330-7.

4 - Kopetz S, Grothey A, Yaeger R, et al. Encorafenib, Binimetinib, and Cetuximab in BRAF V600E–Mutated Colorectal Cancer. N Engl J Med 2019; 381:1632-43.