O oncologista David Muniz (foto), do ICESP, é coautor de estudo que avaliou se a relação neutrófilos-linfócitos elevada em pacientes com carcinoma renal de células claras (CCRCC) localmente avançado não metastático está associada a pior sobrevida e/ou maior taxa de recorrência. O trabalho foi selecionado para apresentação em pôster no ASCO GU 2020.
Uma proporção elevada da relação neutrófilos-linfócitos (NLR) tem sido associada a piores resultados oncológicos em várias neoplasias, e seu papel prognóstico no câncer renal não-metastático é controverso.
Nesse estudo, os autores avaliaram retrospectivamente 187 pacientes com carcinoma renal de células claras localmente avançado não metastático (pT3-T4 N0M0) submetidos a nefrectomia racial.
A relação neutrófilos-linfócitos foi obtida no pré-operatório e calculada dividindo a contagem absoluta de neutrófilos pela contagem absoluta de linfócitos.
Resultados
A mediana de acompanhamento foi de 48,7 meses. A sobrevida global em 3 anos foi significativamente menor nos pacientes com NLR ≥ 2,5 em comparação com os pacientes com NLR <2,5 (70% vs 85%, p = 0,049). Nos pacientes com grau de diferenciação nuclear de 3-4, o tempo médio de recorrência foi significativamente menor nos pacientes com NLR ≥ 4 em comparação com aqueles com NLR <4 (24 vs 55 meses; p 0,045).
“Pacientes com CCRCC não metastático com relação neutrófilos-linfócitos elevada pré-operatória apresentaram menor sobrevida global. Dentre os casos com maior grau de diferenciação nuclear, também houve maior risco de recorrências”, concluíram os autores. Esses dados corroboram os achados de outros estudos semelhantes, que identificaram a relação neutrófilos-linfócitos como fator prognóstico importante em carcinoma de células renais.
Referência: Abstract 661 - Neutrophil-to-lymphocyte ratio as a predictor of oncologic outcomes in locally advanced non-metastatic clear cell renal carcinoma. - Gilberto Rodrigues et al - J Clin Oncol 38, 2020 (suppl 6; abstr 661)