Onconews - ESMO avalia reflexos da pandemia em profissionais de oncologia

BURN OUT BAIXAA pandemia da COVID-19 pode trazer consequências negativas no bem-estar de profissionais de saúde e, consequentemente, no atendimento ao paciente. Com o objetivo de avaliar o bem-estar de profissionais de oncologia ao longo do tempo desde o início da pandemia, a colaboração ESMO Resilience Task Force realizou dois surveys online. Os resultados serão apresentados no ESMO Virtual Congress 2020 (LBA70).

Análises estatísticas foram utilizadas para examinar associações e diferenças entre os grupos e para explorar preditores de resultados-chave como bem-estar/sofrimento (Wellbeing Index - WBI-9, esgotamento, e desempenho no trabalho CV-19 (2 itens CJP -  padrão de atendimento e entrega de trabalho em comparação com o período pré-CV 19).

Resultados

O survey I teve 1.520 participantes de 101 países. As respostas indicam que o CV-19 está impactando a força de trabalho da oncologia, resultando em uma série de mudanças na vida pessoal e profissional. 25% estavam em risco de sofrimento (bem-estar insatisfatório, WBI ≥4); 38% relataram sentir-se esgotados e 66% não eram capazes de realizar seu trabalho em comparação com o período pré-CV-19. Índice CJP mais alto foi significativamente associado a melhor bem-estar e ausência de burnout (p < 0,01).

Foram observadas diferenças no bem-estar e CJP entre os países (p <0,001) e relacionadas à taxa de mortalidade pela COVID-19 do país (p <0,05). Os principais preditores de bem-estar, burnout e CJP foram resiliência e mudanças no horário de trabalho. Outros frequentemente identificados foram estratégias de enfrentamento, etnia, preocupação com treinamento/carreira, preocupação com o bem-estar atual e condições de trabalho. Os resultados de 942 participantes do survey II estão em análise.

No geral, as comparações entre as pesquisas mostram que as taxas de bem-estar e burnout pioraram com o tempo, mas o CJP melhorou. Entre 272 participantes que completaram ambas as pesquisas, as pontuações do WBI ≥4 (indicando maior risco de angústia) e as taxas de burnout foram maiores na pesquisa II em comparação com a pesquisa I (22% vs 31% p = 0,01; 35% vs 49% p = 0,001 respectivamente ) sugerindo que os índices estão piorando com o passar do tempo. Já no CJP foi observada uma melhora (38% vs 54% p <0,001).

Em conclusão, os resultados demonstram que a COVID-19 está impactando no bem-estar e no desempenho profissional dos profissionais de oncologia. “O risco de distress e burnout aumentou com o tempo. São essenciais medidas urgentes para lidar com o bem-estar e melhorar a resiliência dos profissionais”, ressaltam os autores.

Referência: LBA70 - The Impact of COVID-19 on Oncology Professionals: Initial Results of The ESMO Resilience Task Force Survey Collaboration - S. Banerjee et al