Onconews - SPARTAN: Qualidade de vida com apalutamida no câncer de próstata não metastático

EDUARDO ZUCCA BXEstudo selecionado para apresentação em pôster no ESMO 2020 (632P) trouxe dados de qualidade de vida em longo prazo de participantes do estudo de FASE III SPARTAN. O trabalho avaliou apalutamida versus placebo em pacientes com câncer de próstata resistente à castração não metastático (nmCRPC) de alto risco, definido como como o grupo com tempo de duplicação do PSA menor que 10 meses. O oncologista Eduardo Zucca (foto), coordenador do Departamento de Uro-oncologia do Hospital do Amor (Hospital de Câncer de Barretos), comenta os resultados.

“Pacientes com câncer de próstata resistente à castração sem metástases a distância por métodos convencionais com doubling time < 10 meses devem ser tratados. O estudo SPARTAN é um dos três estudos bastante semelhantes em relação ao desenho do estudo e aos critérios de inclusão e exclusão que fizeram uso de antiandrogênio de segunda geração nesta população”, contextualiza Zucca.

Na análise primária, a apalutamida melhorou significativamente a sobrevida livre de metástases e estendeu o tempo para metástases, sobrevida livre de progressão e tempo para a progressão dos sintomas em comparação com placebo (Smith NEJM 2018), preservando a qualidade de vida relacionada à saúde (Saad Lancet Oncol 2018). Na análise final, a apalutamida melhorou significativamente a sobrevida global e o tempo para quimioterapia em comparação com placebo (Small ASCO 2020).

1207 pacientes com câncer de próstata resistente à castração não metastático foram randomizados 2: 1 para apalutamida (240 mg QD) ou placebo. A qualidade de vida foi avaliada por meio da Functional Assessment of Cancer Therapy-Prostate (FACT-P) (FACT-P) e EQ-5D-3L em diferentes momentos durante os ciclos de 28 dias: no baseline e no dia 1 do ciclo 1 (pré-dose); ciclos 2-6; a cada 2 ciclos a partir dos ciclos 7 a 13; a cada 4 ciclos a partir do ciclo 13 durante o tratamento, no fim do tratamento e a cada 4 meses após a progressão por até 1 ano.

Resultados

Em um acompanhamento de 52 meses, a mediana de duração do tratamento foi de 32,9 meses para apalutamida e 11,5 meses para placebo. Os pacientes eram minimamente sintomáticos e apresentavam boa qualidade vida relacionada à saúde no início do estudo. Em cada ciclo, aproximadamente 90% dos pacientes em cada grupo responderam aos questionários. As mudanças na estatística descritiva com modelos mistos para medidas repetidas (LSM-MMRM) e as mudanças na pontuação total de FACT-P desde o início até os ciclos 21 e 25 favoreceu significativamente a apalutamida em comparação com placebo (p ¼ 0,0138 e 0,0009, respectivamente).

O grupo apalutamida geralmente manteve scores favoráveis ​​para FACT-P (total e subescalas) e EQ-5D-3L, enquanto no grupo placebo as pontuações apresentaram tendência de diminuição ao longo do tempo (a separação entre apalutamida e placebo começou nos ciclos 11-15 e foi mais pronunciada nos ciclos 21-25).

Os autores ressaltam que as respostas para itens individuais no FACT-P indicaram que a maioria dos pacientes não sofreu incômodos com eventos adversos, característica que permaneceu ao longo do tempo com apalutamida e placebo.

“Já tínhamos visto que o tratamento com a medicação neste cenário aumenta significativamente a sobrevida livre de progressão e a sobrevida global. Agora, este estudo de qualidade de vida demonstra que aqueles pacientes no grupo placebo tiveram pior qualidade de vida a partir do ciclo 21. É uma população especial que merece atenção”, conclui Zucca.

O estudo é financiado pela Janssen Research & Development (NCT01946204).

Referência: 632P - Health-related quality of life (HRQoL) at final analysis of the SPARTAN study of apalutamide (APA) vs placebo (PBO) in patients (pts) with non-metastatic castration-resistant prostate câncer (nmCRPC) receiving androgen deprivation therapy (ADT) - S. Oudard, B.A. Hadaschik, M.R. Smith et al - https://doi.org/10.1016/j.annonc.2020.08.891