Onconews - AMAZONA III mostra a realidade do câncer de mama na mulher idosa

idosa 2021 bxQual o perfil da mulher idosa com câncer de mama no Brasil? Subanálise do estudo AMAZONA III selecionada para integrar o programa científico do ASCO 2021 buscou caracterizar e compreender essa população de pacientes.

Neste estudo de coorte prospectivo (GBECAM 0115), de janeiro de 2016 a março de 2018 foram incluídas 2.950 mulheres com câncer de mama invasivo recém diagnosticado, a partir de 23 centros brasileiros. A subanálise apresentada no congresso anual da ASCO considerou apenas as pacientes ≥65 anos.

Para comparar características sociodemográficas e clínico-patológicas, as pacientes foram classificadas em dois grupos: coorte de 65 a 75 anos de idade e coorte de 75 anos ou mais. As variáveis ​​qualitativas foram descritas por frequências absolutas e relativas e comparadas com o teste Qui-quadrado.

Resultados

De 2.950 pacientes com câncer de mama do estudo AMAZONA III, 602 (20,8%) tinham ≥ 65 anos de idade e foram incluídas nesta subanálise. A maioria das pacientes (93,1%) tinha status de desempenho ECOG 0-1, 63,4% brancas. Em relação à escolaridade, 68,6% relataram ter concluído o ensino fundamental ou menos. Ao diagnóstico, 23,7% das pacientes apresentavam estádio clínico (EC) I, 41,9% apresentavam EC II, 28,2% EC III e 6,2% tinham doença EC IV.

Os autores reportam que a maioria dos casos foi detectada por sintomas e apenas 34,2% por triagem. Em relação às características patológicas, metade dos casos era grau 2, sendo 58,7% positivos para receptores hormonais, 25% HER-2 positivos e 16,0% triplo negativos.

Quando avaliados por subgrupo, os pacientes da coorte ≥ 75 anos foram mais frequentemente diagnosticadas em estágios clínicos avançados e tinham pior status de desempenho ECOG ao diagnóstico. Não houve diferença estatisticamente significativa no subtipo molecular, grau do tumor e modo de detecção do câncer de mama (Tabela).

“Pacientes idosos comumente apresentaram câncer de mama detectado por sintomas. Pacientes da coorte de 75 anos e mais velhas são diagnosticadas com mais frequência com doença avançada e pior desempenho do que aquelas da coorte de 65 a 75 anos”, concluem os autores.

Com os dados do AMAZONA III, os pesquisadores destacam a importância de estratégias para melhorar o rastreamento do câncer de mama e os programas educacionais na população idosa, para garantir o acesso ao diagnóstico precoce.

O câncer de mama é o câncer invasivo mais comumente diagnosticado em mulheres em todo o mundo e o risco de desenvolver a doença aumenta com a idade. Estudos demonstraram que aproximadamente até metade dos casos ocorrem em pacientes com 65 anos ou mais.

O estudo AMAZONA III está inscrito na plataforma ClinicalTrials.gov: NCT02663973 e foi realizado pelo Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama (GBECAM).

 

Characteristics

65 - 75 years old (N=435)

>75 years old (N=167)

P-value

ECOG

  

0.0144

0

228 (69.3)

60 (50.8)

 

1

86 (26.1)

42 (35.6)

 

2

13 (3.9)

10 (8.5)

 

3

0 (0.0)

6 (5.1)

 

4

2 (0.6)

0 (0.0)

 

Clinical stage at diagnosis

  

0.0140

I

84 (27.3)

11 (11.8)

 

II

129 (41.9)

39 (41.9)

 

III

82 (26.6)

31 (33.3)

 

IV

13 (4.2)

12 (12.9)

 

Molecular subtype

  

0.5658

Hormone receptor positive

182 (58.5)

79 (59.0)

 

HER-2 positive

76 (24.4)

37 (27.6)

 

Triple negative

53 (17.0)

18 (13.4)

 

Tumor Grade (biopsy)

  

0.3023

1

81 (23.4)

21 (16.8)

 

2

176 (50.9)

70 (56.0)

 

3

89 (25.7)

34 (27.2)

 

Mode of detection of breast cancer

  

0.1579

Screen detected

147 (36.0)

46 (29.3)

 

Symptomatic

261 (64.0)

111 (70.7)

 

Referência: Abstract e12603 - Sociodemographic and clinicopathologic features of elderly breast cancer patients in Brazil: A sub-analysis of AMAZONA III study (GBCAM 0115) - Carla Pavei et al.
Session: Publication Only: Breast Cancer—Local/Regional/Adjuvant