Onconews - ACIS: apalutamida reduz risco de progressão no câncer de próstata metastático

fabio franke bxEstudo de Fase III que avaliou apalutamida (APA) e acetato de abiraterona mais prednisona (AAP) versus AAP em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC) apresentou resultados finais no simpósio ASCO GU 2021. O estudo tem a participação do oncologista brasileiro Fabio Franke (foto) e alcançou seu principal endpoint, com redução de 31% no risco de progressão radiográfica ou morte em pacientes virgens de quimioterapia.

Foram inscritos pacientes com mCRPC com terapia de privação androgênica em andamento (ADT), mas sem outro tratamento adicional desde o diagnóstico. Os pacientes elegíveis foram randomizados 1: 1 para APA (240 mg po QD) + AA (1000 mg po QD) + P (5 mg po BID) ou PBO + AAP (estratificados pela presença ou ausência de metástases viscerais, status de desempenho do Eastern Cooperative Oncology Group 0 ou 1 e região geográfica). O endpoint primário foi sobrevida livre de progressão radiográfica (rSLP), definida a partir da data de randomização até progressão radiográfica ou óbito. Os endpoints co-secundários incluíram resposta por PSA, sobrevida global (SG), segurança, tempo de progressão do PSA, uso crônico de opioides, início da quimioterapia citotóxica e progressão da dor. 

Resultados

Entre dezembro de 2014 a agosto de 2016, um total de 982 pacientes cumpriu os critérios de inclusão e foi considerado na análise. Em apresentação de Dana E. Rathkopf, do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, os resultados reportados no ASCO GU mostram que a combinação de APA + AAP aumentou em 6 meses a  rSLP mediana (22,6 meses vs 16,6 meses; HR 0,69 (IC 95% 0,58-0,83); p <0,0001). A análise coincidiu com a primeira análise interina de SG (tempo médio de acompanhamento de 25,7 meses).

Na análise final, o tratamento com APA + AAP vs AAP mostrou taxa significativamente maior de declínio confirmado de PSA ≥ 50%. A combinação também prolongou a SG. Embora não seja estatisticamente significativo, o tratamento com APA + AAP vs AAP mostrou SG mediana mais longa. O tempo para a progressão do PSA, o uso crônico de opioides, o início da quimioterapia citotóxica e a progressão da dor não diferiram de modo estatisticamente significativamente entre os braços de análise.

Em relação ao perfil de toxicidade, os achados foram consistentes com dados já reportados, sem novas preocupações de segurança. Eventos adversos de grau 3/4 (TEAEs) relacionados ao tratamento ocorreram em 63,3% (310/490) dos pacientes tratados com APA + AAP vs 56,2% (275/489) dos pacientes tratados com AAP. O grupo AAP teve mais TEAEs de grau 4 (10,6% comparado ao braço de combinação (7,1%).

Em conclusão, a análise final mostra que o ensaio ACIS atingiu seu principal endpoint primário e demonstrou redução de 31% no risco de progressão radiográfica ou morte em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração virgens de quimioterapia tratados com a combinação de APA + AAP com ADT vs AAP com ADT.

O estudo tem financiamento da Janssen Research & Development e está registrado na ClinicalTrials: NCT02257736.

End Point

APA + AAP

(n = 492)

AAP

(n = 490)

HR (95% CI)

p Value

rPFS, median (95% CI), mo

22.6

(19.5-27.4)

16.6

(13.9-19.3)

0.69

(0.58-0.83)

< 0.0001

PSA response (≥ 50% decline), n (%)

391

(79.5)

357

(72.9)

1.09

(1.02-1.17) a

0.015

OS, median, mo

36.2

33.7

0.95

(0.81-1.11)

0.498

aRelative response

Referências: Abstract 9: Final results from ACIS, a randomized, placebo (PBO)-controlled double-blind phase 3 study of apalutamide (APA) and abiraterone acetate plus prednisone (AAP) versus AAP in patients (pts) with chemo-naive metastatic castration-resistant prostate cancer (mCRPC). - Dana E. Rathkopf et al - J Clin Oncol 39, 2021 - DOI: 10.1200/JCO.2021.39.6_suppl.9