A Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA (USPSTF) não recomendou o rastreamento de câncer de próstata por PSA nas decisões de 2008 e 2012. Agora, estudo que integra o programa científico do Simpósio ASCO GU 2021 traz dados que reforçam a evidência epidemiológica de que as reduções no rastreamento podem explicar parte do recente aumento do câncer de próstata metastático nos Estados Unidos.
Os resultados mostram que de 2008 a 2016 a média de homens rastreados diminuiu (61,8% para 50,5%) nos EUA, enquanto a incidência média de câncer de próstata metastático ao diagnóstico aumentou (6,4 a 9,0 por 100.000). “Não se sabe se as reduções no rastreamento de PSA foram responsáveis pelo aumento do câncer de próstata metastático nos Estados Unidos. Testamos essa hipótese associando variações longitudinais entre os estados”, explicam os autores.
A partir de dados da Associação Norte-Americana de Registros de Câncer foram obtidas as taxas de incidência de câncer de próstata metastático de cada estado ajustadas por idade no diagnóstico por 100.000 homens. As estimativas de rastreamento por PSA ponderadas para cada estado foram extraídas do Behavioral Risk Factor Surveillance System, que coleta essas informações para homens com pelo menos 40 anos de idade a cada 2 anos, desde 2002. A triagem por PSA e os dados de doença metastática foram coletados em uma série temporal de múltiplos painéis e, em seguida, analisados usando modelo de regressão linear com efeitos aleatórios.
Resultados
Os autores reportam que houve variação significativa entre os estados no percentual de homens com idade > 40 anos que relataram ter feito o exame de PSA (faixa de 40,1% a 70,3%), assim como houve variação importante na incidência de câncer de próstata metastático no momento do diagnóstico ajustada por idade (faixa de 3,3 a 14,3 por 100.000). De 2008 a 2016, o percentual médio de homens rastreados diminuiu (61,8% para 50,5%), enquanto a incidência média de câncer de próstata metastático ao diagnóstico aumentou (6,4 a 9,0 por 100.000; Bonferroni ajustado p <0,001 para ambos). Um modelo de regressão linear demonstrou que as reduções longitudinais entre os estados no rastreamento de PSA foram associadas ao aumento do câncer de próstata metastático (coeficiente de regressão por 100.000 homens: 14,9, IC de 95% 12,3 - 17,5, p <0,001). “Isso indicou que os estados com maiores declínios no rastreamento do PSA tiveram maiores aumentos na incidência de câncer de próstata metastático no momento do diagnóstico. A variação no rastreamento do PSA explicou 27% da variação longitudinal do câncer de próstata metastático entro os estados”, descreve a análise.
Em conclusão, o estudo reforça a evidência epidemiológica de que as reduções no rastreamento do PSA podem explicar parte do recente aumento do câncer de próstata metastático de novo no contexto norte-americano. “A tendência de aumento da doença metastática ao diagnóstico é uma consequência preocupante que requer atenção. Assim, apoiamos políticas de tomada de decisão compartilhada, como a atualização da USPSTF de 2018, que pode otimizar a utilização do rastreamento por PSA para reduzir a incidência de câncer de próstata metastático nos Estados Unidos”, destacam os autores.
Os resultados foram selecionados para a sessão de poster, em apresentação de Vidit Sharma, urologista da Mayo Clinic.
Referência: Association of reductions in PSA screening across states with increased metastatic prostate cancer in the United States. (Abstract 228)