Com quase 4 anos de acompanhamento, a análise final do ensaio TITAN demonstrou que a adição de apalutamida (APA) à terapia de privação androgênica (ADT) trouxe benefício de sobrevida global em pacientes com câncer de próstata metastático hormônio sensível (mCSPC), com redução de 35% no risco de morte, chegando a 48% de redução de risco após o ajuste para pacientes que cruzaram do braço placebo para APA. O estudo tem participação brasileira da Liga Norte-Riograndense contra o câncer e foi apresentado na Rapid Abstract Session.
Neste ensaio de Fase III (TITAN) foram elegíveis pacientes com mCSPC com doença de alto e baixo volume, exposição prévia a docetaxel, tratamento anterior para doença localizada e ADT (≤ 6 meses). Na primeira análise intermediária, com acompanhamento médio de 22,7 meses, APA mostrou ganho significativo nos endpoints de sobrevida global (SG, HR= 0,67) e sobrevida livre de progressão radiográfica (rPFS, HR=0,48) na comparação com PBO (Chi et al. NEJM. 2019). Agora, o simpósio ASCO GU 2021 apresentou os resultados finais de eficácia e segurança.
Um total de 1.052 pacientes com mCSPC foi randomizado 1: 1 para receber ADT + APA (240 mg QD) ou PBO. Os endpoints foram analisados pelo método Kaplan Meier e modelo de riscos proporcionais de Cox. Análise pré-planejada para sobrevida global, contabilizando o cruzamento usando o teste de log-rank ponderado por censura de probabilidade inversa (IPCW), foi conduzido. Nenhum reteste estatístico formal foi realizado; valores nominais de p foram relatados sem ajuste de multiplicidade. A alteração da linha de base na pontuação total da Avaliação Funcional da Terapia do Câncer (FACT-P) foi avaliada usando um modelo de medidas repetidas de efeito misto.
Resultados
Os resultados reportados no ASCO GU 2021 mostram que em 44 meses de acompanhamento médio ocorreram 405 eventos de SG. Depois de autorizado o crossover, 208 pacientes do grupo PBO (39,5%) cruzaram para APA. A duração média do tratamento foi de 39,3 meses no grupo APA versus 20,2 meses para todo o grupo PBO e 15,4 meses para o grupo de crossover PBO → APA.
Os dados apresentados no ASCO GU 2021 corroboram evidências do benefício de APA, com sobrevida global superior na comparação com PBO, apesar do crossover (Veja tabela). Em 48 meses, as taxas de sobrevida foram de 65% (APA) versus 52% (PBO). Outros desfechos também favoreceram APA vs PBO.
A qualidade de vida relacionada à saúde (HRQoL) avaliada pelo inquérito FACT-P também foi consistente com dados já reportados, reforçando o perfil de segurança aceitável do tratamento com APA.
Este estudo está registrado na plataforma ClinicalTrials: NCT02489318.
Endpoint, median mos | APA + ADT (n = 525) | PBO + ADT (n = 527) | HR | p Value |
OS | NE | 52.2 | 0.65 | < 0.0001 |
OS (crossover adjusted by IPCW) | NE | 39.8 | 0.52 | < 0.0001 |
PFS2 | NE | NE | 0.66 | < 0.0001 |
Time to castration resistancea | NE | 11.4 | 0.34 | < 0.0001 |
NE, not estimable.
aTime from randomization to radiographic disease progression, prostate-specific antigen progression, or skeletal-related event, whichever occurred first.
Referência: Abstract #11: Final analysis results from TITAN: A phase III study of apalutamide (APA) versus placebo (PBO) in patients (pts) with metastatic castration-sensitive prostate cancer (mCSPC) receiving androgen deprivation therapy (ADT). - Kim N. Chi et al. - J Clin Oncol 39, 2021 (suppl 6; abstr 11) - DOI: 10.1200/JCO.2021.39.6_suppl.11