Estudo randomizado de Fase III (ARCHES) apresentou resultados da análise final de sobrevida global e confirmou o benefício clínico de enzalutamida em pacientes com câncer de próstata metastático hormônio sensível. José Maurício Mota (foto), chefe do Grupo de Tumores Geniturinários da Oncologia Clínica do ICESP/FMUSP e oncologista titular da Oncologia D’Or, analisa os resultados.
Dados já reportados mostraram que a combinação de enzalutamida (ENZA) e privação androgênica (ADT, da sigla em inglês) melhorou a sobrevida livre de progressão radiográfica nessa população de pacientes. Agora, os autores apresentam na ESMO 2021 a análise final de sobrevida global (SG), um dos principais desfechos secundários, após 356 eventos e seguimento mediano de 44,6 meses.
Foram incluídos pacientes com câncer de próstata hormônio sensível com doença recorrente ou diagnóstico de novo (N= 1150), randomizados 1:1 para ENZA (160 mg/dia) + ADT) ou placebo (PBO) + ADT, estratificados por volume de doença e uso prévio de docetaxel.
A adição de enzalutamida à terapia de privação androgênica reduziu o risco de morte em 34% em comparação ao grupo ADT + PBO ADT (HR 0,66; intervalo de confiança de 95% 0,53, 0,81; p <0,0001) (Veja Tabela). Importante salientar que após a análise inicial do estudo ARCHES foi permitido o crossover para o grupo ADT + ENZA. Cerca de 42% alocados no grupo ADT + PBO realizou o crossover e 70% desse grupo recebeu alguma forma de tratamento prolongador de sobrevida subsequente.
Mota ressalta que esses resultados confirmam o benefício previamente demonstrado com enzalutamida + ADT nessa população de pacientes. “Atualmente, o padrão de tratamento para os pacientes com câncer de próstata metastático sensível à hormonioterapia deve ser ADT adicionado a alguma estratégia de intensificação de tratamento, o que inclui docetaxel, abiraterona, enzalutamida ou apalutamida. Os estudos mais modernos mostram que tratar esses pacientes apenas com ADT deve ser a exceção, e não a regra, nesses pacientes”, afirma.
O especialista acrescenta que é preciso considerar a realização de radioterapia para o primário em pacientes com doença de baixo volume. “A escolha do tratamento e a decisão para a intensificação deve levar em conta diversos aspectos, entre eles comorbidades, medicamentos concomitantes, custos e a escolha do paciente”, conclui.
O perfil de segurança de ENZA + ADT foi consistente com os resultados da análise primária. “Esta análise demonstra que ENZA + ADT prolonga significativamente a sobrevida em homens com câncer de próstata metastático hormônio sensível, com perfil de segurança aceitável”, concluem os autores.
O estudo ARCHES está registrado na ClinicalTrials.gov: NCT02677896.
Tabela LBA 25 - Time to event efficacy endpoints
Endpoint | ENZA + ADT (n=574) | PBO + ADT (n=576) | p value |
OS | |||
Events, n (%) | 154 (26.83) | 202 (35.07) |
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Median, months (95% CI) | NR (NR, NR) | NR (49.74, NR) |
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HR (95% CI) | 0.66 (0.53, 0.81) | <0.0001 | |
2-year OS rate, % | 86,19 | 82,35 |
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3-year OS rate, % | 77,88 | 68,95 |
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4-year OS rate, % | 70,61 | 57,01 |
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Median TTNAnti, months (95% CI) | NR (NR, NR) | 40.5 (26.25, NR) |
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HR (95% CI) | 0.38 (0.31, 0.48) |
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CI, confidence interval; NR, not reached.
Analyses include all randomized patients. OS was defined as time from randomization to death from any cause. For patients still alive at the date of the analysis cut-off point, OS was censored on the last date the patient is known to be alive.
Referência: LBA 25 - Final overall survival (OS) analysis from ARCHES: A phase III, randomized, double-blind, placebo (PBO)-controlled study of enzalutamide (ENZA) + androgen deprivation therapy (ADT) in men with metastatic hormone-sensitive prostate cancer (mHSPC)