Onconews - Estadiamento nodal de ressecções pulmonares abertas, videotoracoscópicas e robóticas de CPCNP

ricardo terra bxRicardo Terra (foto), professor associado da Faculdade de Medicina da USP e chefe da Divisão de Oncologia Torácica Cirúrgica do ICESP, é primeiro autor de estudo que buscou comparar o estadiamento nodal por ressecções pulmonares abertas, videotoracoscópicas (VATS) e robóticas para o tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP). O trabalho foi selecionado para apresentação em sessão mini-oral do 2021 World Conference on Lung Cancer (WCLC 2021), congresso anual da International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC).

O estadiamento nodal é fundamental para o tratamento do câncer de pulmão devido ao seu papel em determinar a necessidade de terapia adjuvante, bem como estabelecer um prognóstico adequado. “Considerando a crescente adoção de técnicas minimamente invasivas para ressecção pulmonar, é importante determinar se esses métodos são tão eficazes quanto a técnica aberta. O estadiamento nodal tem sido usado como substituto da qualidade da linfadenectomia nodal”, esclarecem os autores.

Os pesquisadores avaliaram retrospectivamente os dados do Registro Paulista de Câncer de Pulmão, um amplo banco de dados multicêntrico do estado de São Paulo. Foram coletadas as características clínicas, bem como o estadiamento clínico e patológico, e incluídos pacientes submetidos à ressecção pulmonar para tratamento do CPCNP. Pacientes com dados de estadiamento incompletos foram excluídos.

VATS, robótica e técnicas abertas foram comparadas em termos de upstaging nodal utilizando a 7ª edição do estadiamento TNM. O desfecho primário foi a ocorrência de estadiamento nodal (N0 a N1, N0 a N2 ou N1 a N2). Os grupos foram comparados usando o teste exato de Fisher para variáveis ​​categóricas e o teste t foi usado para comparar as médias das variáveis ​​contínuas. A análise multivariada (regressão logística) foi realizada para determinar os fatores associados ao upstaging. 

Resultados

Foram incluídos 684 pacientes, 278 (40,64%) foram submetidos à técnica aberta, 323 (47,22%) à VATS e 83 (12,13%) à técnica robótica. Sexo feminino foi mais frequente no grupo VATS (aberto 50% vs VATS 60,99% vs robótico 48,19%; p = 0,001). Os pacientes no grupo VATS eram mais velhos (mediana de idade, aberto 62,4 vs VATS 65,97 vs robótico 63,8; p <0,001). O adenocarcinoma foi o tipo histológico mais frequente (60,96%), seguido de células escamosas (18,56%) e tumor carcinoide (13,5%).

A lobectomia foi a ressecção mais comum (561, 82,02%), enquanto a pneumectomia foi realizada em 30 (4,39%) e 78 (11,4%) pacientes foram submetidas a ressecções sublobares. O upstaging foi mais frequente com a técnica aberta (24,46%), seguida de VATS (15,79%) e robótica (13,25%), com p = 0,011. A análise multivariada não revelou significância para a técnica como preditor de upstaging nodal (OR 0,83, p = 0,474 para VATS e OR 0,67, p = 0,301 para robótica).

Os fatores associados ao estadiamento nodal foram descritor T de estadiamento clínico (OR: 1,2, p = 0,016); descritor N de estadiamento clínico (OR: 3,3, p = 0,011); tipo histológico classificado como outros (OR 0,25 p = 0,014); EBUS (Endobronchial Ultrasound Bronchoscopy) (OR 2,1 p = 0,003) e mediastinoscopia (OR 1,8 p = 0,021).

“O estadiamento nodal foi mais frequente com ressecções abertas do que VATS e técnica robótica; no entanto, essa diferença entre as técnicas não persistiu na análise multivariada quando pareada para possíveis variáveis ​​de confusão”, concluíram os autores.

Referência: MA17.06 Nodal Upstaging Comparison of Open, Video-Assisted Thoracoscopic, and Robotic Lung Resections Form Non–Small Cell Lung Cancer - R. Terra, A. Dela Vega, L. Lauricella, E. Rocha Jr., L. Lima, M. Cremonese, P. Pêgo-Fernandes