Estudo que avaliou 177 Lu-PSMA-617 (LuPSMA) versus cabazitaxel no câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC) apresentou resultados de sobrevida global após acompanhamento médio de 3 anos (TheraP/ANZUP 1603). Quem comenta os resultados é o oncologista José Mauricio Mota (foto), chefe do grupo de tumores geniturinários (oncologia clínica) do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP-FMUSP) e oncologista titular da Oncologia D’Or.
Neste estudo, pacientes com mCRPC que progrediram após docetaxel foram randomizados para LuPSMA versus cabazitaxel. Dados já reportados (Lancet 2021) mostram que aqueles tratados com LuPSMA tiveram melhor taxa de resposta de PSA (66% vs. 37%), melhor taxa de resposta RECIST (49% vs. 24 %) e benefício de sobrevida livre de progressão (HR 0,63), além de menos toxicidades G3-4 (33% vs. 53%) e melhores resultados relatados pelo paciente. Agora, apresentação no ASCO 2022 relata dados de sobrevida global (OS, da sigla em inglês).
Foram elegíveis pacientes com mCRPC que progrediram após docetaxel, com alta expressão de PSMA em imagem PET com 68Ga-PSMA-11 (pelo menos um local com SUVmax≥20) e 18F-FDG sem nenhum local de doença FDG-positivo e PSMA-negativo (doença discordante). Os participantes foram randomizados para LuPSMA (8,5-6GBq a cada 6 semanas, máximo de 6 ciclos) vs cabazitaxel (20mg/m2 a cada 3 semanas, máximo de 10 ciclos). A sobrevida global foi analisada por intenção de tratar e resumida pelo tempo médio de sobrevida restrito (restricted mean survival time - RMST).
Resultados
Os autores descrevem que 200 pacientes foram elegíveis, randomizados para LuPSMA (N=99) ou cabazitaxel (N=101); 80 de 291 pacientes inscritos (27%) foram inicialmente considerados elegíveis, mas foram excluídos após PSMA/FDG-PET discordante, com acompanhamento disponível em 61 dos 80 (76%).
No seguimento mediano de 36 meses (data de corte em 31 de dezembro de 2021), foram relatados 70/101 eventos de morte no grupo cabazitaxel, em 77/99 dos pacientes do grupo LuPSMA e em 55/61 excluídos após PSMA/FDG-PET discordante.
A sobrevida global foi semelhante para LuPSMA versus cabazitaxel (RMST em 36 meses foi de 19,1 vs. 19,6 meses, diferença -0,5, 95% CI -3,7 a + 2.7). Nenhum sinal de segurança adicional foi identificado com acompanhamento mais longo. Entre 61 homens excluídos por PSMA/FDG-PET discordante, a RMST em 36 meses foi de 11,0 meses (IC 95% 9,0 a 13,1), após tratamento que incluiu cabazitaxel em 29 (48%) e LuPSMA em 3 (5%).
“LuPSMA é uma opção adequada para homens com mCRPC progredindo após o docetaxel, com menores eventos adversos, maiores taxas de resposta, melhores resultados relatados pelo paciente e SG semelhante em comparação com cabazitaxel”, destacam os autores.
“LuPSMA é uma opção de tratamento já disponível no Brasil em vários centros para pacientes resistentes e que prgrediram a docetaxel e/ou outras opções de tratamentos hormonais. A atualização do Therap confirmou os resultados previamente demonstrados de superioridade de LuPSMA em relação a cabazitaxel a respeito da sobrevida livre de progressão, resposta de PSA com menos toxicidade e melhor qualidade de vida. Os dados de sobrevida global apresentados mostraram que as curvas são superponíveis, porém devemos avaliar esses dados com cautela, haja visto que o estudo não foi desenhado com a finalidade de demonstrar a não inferioridade de um tratamento em relação ao outro”, conclui Mota.
Informações sobre este ensaio clínico: NCT03392428.
Referências: TheraP: 177Lu-PSMA-617 (LuPSMA) versus cabazitaxel in metastatic castration-resistant prostate cancer (mCRPC) progressing after docetaxel—Overall survival after median follow-up of 3 years (ANZUP 1603).
Michael S Hofman, FRACP, MBBS, Peter MacCallum Cancer Centre and Sir Peter MacCallum Department of Oncology, University of Melbourne
Abstract 5000