Superando mecanismos de resistência no câncer colorretal metastático

O oncologista Paulo Hoff é autor sênior de estudo selecionado na ASCO 2022 para publicação eletrônica, que compara o impacto de panitumumabe mais irinotecano (P+I) ou cetuximabe mais irinotecano (C+I) na sobrevida global como tratamento de terceira linha para pacientes com câncer colorretal metastático (mCRC). A primeira autora é a oncologista Maria Ignez Braghiroli.

 A literatura sugere que a adição de cetuximabe pode superar a resistência ao tratamento com irinotecano para mCRC, mas não se sabe se a combinação de panitumumabe com irinotecano também pode reverter a resistência ao tratamento e melhorar a taxa de resposta após a progressão da monoterapia com irinotecano.

Neste estudo realizado no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), os pesquisadores analisaram retrospectivamente dados de sobrevida global de pacientes com CRCm expostos a um anticorpo anti-EGFR mais irinotecano, após progressão em monoterapia com irinotecano. A função de sobrevida global foi estimada pelo método de Kaplan-Meier e comparada pelo teste log-rank.

Os resultados mostram que 460 pacientes com mCRC preencheram os critérios de inclusão, tratados entre julho de 2008 e abril de 2018. Cento e oitenta e três (183) pacientes receberam (I+C) e 277 receberam (I+P). Ao diagnóstico, a idade mediana foi de 55,9 anos (variação, 19 - 83 anos), com uma proporção de homens para mulheres de 1,3:1.

Hoff e colegas descrevem que todos os pacientes receberam a combinação de irinotecano e anticorpos direcionados ao anti-EGFR por pelo menos um ciclo (D1 e D15). A resposta parcial ocorreu em 22,6% dos pacientes [23,5% para (I+C) e 22,0% para (I+P)] e 25,2% tinham doença estável [27,8% para (I+C) e 23,6% para (I+P)]. Curiosamente, a taxa de resposta em pacientes com tumores do lado direito foi de 3,3% no regime (I+C) e de 14,3% no regime (I+P). A taxa de controle da doença foi de 50,3% na combinação (I+C) e de 45,7% na combinação (I+P) (p = 0,358). A mediana da sobrevida global (mSG) para todos os pacientes foi de 9,63 meses, 8,97 para o grupo C+I e 10,74 para P+I (p = 0,73). Em relação à localização do tumor primário, a mSG foi de 6,34 meses para tumores do lado direito e de 10,74 meses para tumores do lado esquerdo (p = 0,022). A taxa de sobrevida em 3 anos foi de 5,6% para os pacientes tratados (C+I) e 3,2% para (P+I).

“As combinações (P+I) e (C+I) mostraram taxa de resposta e mSG semelhantes como tratamento de terceira linha para mCRC, sugerindo que ambos os agentes anti-EGFR podem ser usados ​​nesse cenário. Uma tendência percebida para uma resposta superior com o regime (I+P) em tumores do lado direito pode justificar uma investigação mais aprofundada em estudos prospectivos”, concluem os autores.

Referências: