Onconews - Estudo brasileiro mostra resultados de terapia-alvo no câncer de pulmão

pulmao1Selecionado no programa do ASCO 2022, estudo realizado no Instituto do Câncer do Ceará /Hospital Haroldo Juaçaba correlacionou o status da mutação do gene EGFR com parâmetros clínico-epidemiológicos, socioeconômicos, de tratamento e de sobrevida de pacientes com adenocarcinoma de pulmão atendidos de 2014 a 2021 neste centro de referência em oncologia no nordeste do Brasil.

O câncer de pulmão tem alta incidência e mortalidade em todo o mundo. No Brasil, a terapia personalizada ainda é um desafio para os serviços de saúde, onde disparidades socioeconômicas dificultam o acesso ao teste genético ou ao tratamento.

Nesta análise, os pesquisadores consideraram dados retrospectivos obtidos dos prontuários dos pacientes. Os testes X²/Fisher e Log-Rank Mantel-Cox foram utilizados para associar variáveis ​​clínicas e curvas de sobrevida global.

Os resultados mostram que entre os 586 pacientes testados, 157 (26,8%) tinham uma mutação EGFR, com deleção do exon 19 (n = 83, 52,9%), a mais frequente, seguida por L858R (n = 54, 34,4%) e outras (n = 30, 12,8%).

Na população avaliada, os autores descrevem que a mutação do EGFR foi inversamente associada à história de tabagismo (p < 0,001) e ao uso prévio de carboplatina mais paclitaxel (p < 0,001). A sobrevida global mediana foi de 33 (IC95% = 25-41) meses e a presença de mutação não foi associada a pior desfecho (p = 0,146). “Curiosamente, os pacientes com mutação de sensibilidade que usaram gefitinibe (64,1%) não apresentaram diferença significativa na sobrevida global (p = 0,218). No entanto, ao estratificar as análises de acordo com o tipo de mutação, observou-se que pacientes com deleção do exon 19 tratados com gefitinibe tiveram maior sobrevida global mediana (32, IC 95% = 27-37 meses) do que pacientes com essa mutação não tratados com gefitinibe (mediana = 15, IC 95% = 2-25 meses) (p < 0,001)”, destacam os autores. Pacientes com a mutação de sensibilidade do tipo L858R (p = 0,523) ou outras mutações (p = 0,439) não tiveram benefícios significativos com o uso de gefitinibe.

“Na população estudada, a deleção do exon 19 foi a mais frequente e a única associada a um benefício substancial do uso de gefitinibe”, concluem os autores.

A pesquisa tem como primeira autora a patologista Isabelle J. Silva-Fernandes e como autor sênior Paulo G. Silva, Bioestatístico do Hospital Haroldo Juaçaba/Instituto do Câncer do Ceará.

Referências:

Characterization of patients with lung adenocarcinoma treated at a reference oncology center in northeastern Brazil and submitted to EGFR gene mutation research.

First Author: Isabelle Joyce de Lima Silva-Fernandes, PhD
Meeting: 2022 ASCO Annual Meeting
Session Type: Publication Only
Session Title: Lung Cancer—Non-Small Cell Local-Regional/Small Cell/Other Thoracic Cancers
Track: Lung Cancer—Non-Small Cell Local-Regional/Small Cell/Other Thoracic Cancers
Subtrack: Biologic Correlates
Abstract #: e20548