O oncologista Carlos Stecca (foto), ex-clinical research fellow no Princess Margaret Cancer Centre e atual membro do corpo clínico do Centro de Oncologia do Paraná (Curitiba) é primeiro autor de estudo selecionado para apresentação em pôster no ASCO GU 2022 que buscou determinar a viabilidade do uso de sequenciamento de próxima geração (NGS) para caracterizar o carcinoma urotelial metastático ou localmente avançado e identificar variantes potencialmente acionáveis. "As técnicas de sequenciamento genético são ferramentas importantes para a evolução do tratamento personalizado em oncologia, e tem trazido informações promissoras em carcinoma urotelial avançado", destaca Stecca.
“O perfil molecular baseado em sequenciamento de próxima geração tem sido amplamente utilizado em vários tipos de tumores, incluindo malignidades geniturinárias, para melhor entender e potencialmente prever o comportamento do tumor”, observam os autores.
No estudo, pacientes com carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático tratados no Princess Margaret Cancer Center foram prospectivamente selecionados para o estudo Octane, que coleta amostras de tumor de arquivo para fornecer caracterização genômica por meio de NGS com um painel personalizado baseado em DNA de captura de hibridização (555 genes) ou um painel de amplificação de DNA/RNA direcionado (Oncomine Comprehensive Assay v3, 161 driver gene panel).
As variantes foram anotadas usando um esquema de variante somática [PMID: 25880439] ou o banco de dados oncoKB. Informações clínicas abrangentes, incluindo características do paciente, da doença e do tratamento, foram coletadas usando prontuários eletrônicos dos pacientes. Kaplan-Meier e regressão de cox foram usados para análise de sobrevida.
Resultados
Entre 73 pacientes, a mediana de idade foi de 65 anos (23-83), a maioria eram homens (69%), com doença do trato inferior (80%) e 41% tinham doença metastática de novo. A NGS foi considerada viável, com base na disponibilidade de amostras tumorais, e realizada em 67 (92%) pacientes. No geral, 61 (91%) pacientes tinham pelo menos uma variante oncogênica, incluindo 34 (56%) com um alvo potencialmente acionável por medicamentos.
As alterações genômicas mais frequentes encontradas foram TP53 (44%), FGFR (18%), TERT (18%), ARID1A (18%) e PIK3CA (16%), todas classificadas como "patogênicas/provavelmente patogênicas". Apenas 2 pacientes receberam tratamento direcionado, um como parte do ensaio clínico e outro como tratamento padrão. A mediana de sobrevida global foi numericamente superior entre os pacientes com mutações genômicas em comparação com aqueles sem mutações: 55 vs 31 meses (HR: 0,87, IC 95% 0,3-2,4; p:0,7). Nenhuma mutação específica mostrou ter um impacto significativo na sobrevida.
“O uso da tecnologia NGS na caracterização do perfil genômico de pacientes com carcinoma urotelial localmente avançada ou metastático foi viável na maioria dos casos. Variantes oncogênicas foram detectadas na maioria dos pacientes, e mais da metade deles abrigava um alvo potencialmente acionável, o que pode levar a futuros avanços terapêuticos”, concluíram os autores.
Referência: Genomic characterization and identification of actionable variants in patients with locally advanced or metastatic urothelial carcinoma (mUC).
First Author: Carlos Stecca, MD
Meeting: 2022 ASCO Genitourinary Cancers Symposium
Session Type: Poster Session
Session Title: Poster Session B: Urothelial Carcinoma
Track: Urothelial Carcinoma
Subtrack: Translational Research, Tumor Biology, Biomarkers, and Pathology
Abstract #: 562
Citation: J Clin Oncol 40, 2022 (suppl 6; abstr 562)
DOI: 10.1200/JCO.2022.40.6_suppl.562