Paul G. Richardson (foto), do Dana-Farber Cancer Institute e da Harvard Medical School, apresenta no ASH 2022 resultados da adição do anti CD-38 isatuximabe (Isa) ao regime de pomalidomida e dexametasona (Pd) no tratamento de pacientes com mieloma múltiplo recidivado e refratário (MMRR) expostos a pelo menos 2 tratamentos anteriores, assim como a caracterização das terapias subsequentes.
Neste estudo de Fase 3 (ICARIA-MM), foram inscritos pacientes com MMRR, randomizados 1:1 para Isa-Pd (n=154) ou Pd (n=153), estratificados por idade (<75 vs ≥75) e número de linhas anteriores (2–3 versus mais de >3). Isa 10 mg/kg foi administrado semanalmente durante o primeiro ciclo de 4 semanas e então a cada 2 semanas. Em cada ciclo, os pacientes de ambos os braços receberam pomalidomida 4 mg (dias 1-21) e dexametasona 40 mg semanalmente (dias 1, 8, 15 e 22). O tratamento foi administrado até progressão da doença, eventos adversos inaceitáveis ou escolha do paciente. A análise final da sobrevida global foi planejada para 220 eventos de morte.
Os resultados apresentados no ASH 2022 mostram que no corte de dados (14 de março de 2022), 16 (10,4%) pacientes continuavam em tratamento com Isa-Pd e 3 (2,0%) pacientes continuavam a receber Pd. No entanto,101 (65,6%) e 117 (76,5%) pacientes, respectivamente, haviam descontinuado o tratamento por progressão da doença. Os autores descrevem que a duração mediana do tratamento foi maior com Isa-Pd vs Pd (47,6 vs 24,0 semanas). Após mediana de 52,4 meses de acompanhamento, um benefício de sobrevida global (SG) clinicamente significativo foi observado em favor de Isa-Pd vs Pd após 220 eventos (27 de janeiro de 2022; mediana: 24,6 vs 17,7 meses; taxa de risco 0,776 [95 % CI: 0,594–1,1015]; P unilateral = 0,0319; nível de significância: P = 0,02).
Um total de 102 (66,2%) pacientes tratados com Isa-Pd e 119 (77,8%) pacientes tratados com Pd receberam tratamento subsequente, com média de 2 e 1 regime adicional, respectivamente. Dos pacientes que receberam terapia subsequente, 22,5% (23/102) no braço Isa-Pd e 59,7% (71/119) no braço Pd receberam daratumumabe.
Nesta análise, o tratamento adicional mais comum para pacientes no braço Isa-Pd envolveu corticosteroides (n=88/102; 86,3%), agentes alquilantes (n=71/102; 69,6%) e inibidores de proteassoma (n=70/102; 68,6%). No grupo Isa-Pd, o tratamento subsequente mais comum na primeira linha foi um inibidor de proteassoma (n=54/102; 52,9%). No braço Pd, o tratamento subsequente mais comum envolveu corticosteroides (n=94/119; 79,0%), anticorpos monoclonais (n=75/119; 63,0%) e inibidores de proteassoma (n=69/119; 58,0%); o tratamento subsequente mais comum na primeira linha foi daratumumabe (n=52/119; 43,7%).
A taxa de resposta global (ORR) para a primeira linha de terapia subsequente foi de 28,8% (23/80) no braço Isa-Pd e de 35,3% (30/85) no braço Pd. A ORR para pacientes recebendo esquemas baseados em daratumumabe como primeira linha subsequente foi de 25,0% (2/8) no braço Isa-Pd e de 40,5% (17/42) no braço Pd. A ORR para pacientes recebendo daratumumabe como monoterapia ou com esteroides em qualquer linha subsequente foi de 12,5% (1/8) no braço Isa-Pd e 36,7% (11/30) no braço Pd. A ORR para pacientes recebendo daratumumabe em combinação com agentes imunomoduladores, agentes alquilantes ou inibidores de proteassoma em qualquer linha subsequente foi de 28,6% (4/14) para o braço Isa-Pd e 44,8% (13/29) para o braço Pd.
A sobrevida livre de progressão (SLP) na primeira linha subsequente para pacientes recebendo daratumumabe foi de 2,2 meses para o braço Isa-Pd e 5,7 meses para o braço Pd. A SLP na primeira linha subsequente para pacientes recebendo tratamento excluindo daratumumabe foi de 4,6 meses para o braço Isa-Pd e 5,2 meses para o braço Pd.
“Esta análise demonstra que a maioria dos pacientes com MMRR requer múltiplas linhas de terapia subsequente, mesmo após receber uma combinação tripla que inclui um anticorpo monoclonal”, destacam os autores. “O uso imediato de um anticorpo monoclonal anti-CD38 com combinações atualmente disponíveis parece ser menos eficaz no braço Isa-Pd. O uso mais frequente de daratumumabe subsequente em Pd (59,7%) em comparação com Isa-Pd (22,5%) pode ter afetado o poder de detectar SG estatisticamente significativa devido ao tamanho da amostra, além de refletir a eficácia dessa abordagem no manejo de MMRR”, concluem.
Este estudo foi financiado pela Sanofi e está registrado na plataforma ClinicalTrials.gov: NCT02990338.
Referência: 247 Isatuximab Plus Pomalidomide/Low-Dose Dexamethasone Versus Pomalidomide/Low-Dose Dexamethasone in Patients with Relapsed/Refractory Multiple Myeloma (ICARIA-MM): Characterization of Subsequent Antimyeloma Therapies
Program: Oral and Poster Abstracts
Type: Oral Session: 652. Multiple Myeloma and Plasma Cell Dyscrasias: Clinical and Epidemiological: Relapsed and/or Refractory Myeloma (RRMM)
Saturday, December 10, 2022: 2:00 PM