Com um seguimento dos pacientes por mais 2 anos desde a primeira apresentação do estudo em 2020, resultados atualizados do estudo ADAURA apresentados no ESMO 2022 reforçam osimertinibe (Tagrisso®, Astrazeneca) adjuvante como padrão de tratamento para pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPNPC) estágio IB-IIIA com mutação EGFR após ressecção tumoral completa e quimioterapia adjuvante, quando indicada. O oncologista Guilherme Harada (foto), advanced clinical fellow no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, comenta os resultados.
Na análise primária do estudo Fase 3 ADAURA (NCT02511106), osimertinibe adjuvante mostrou benefício estatisticamente e clinicamente significativo de sobrevida livre de doença (DFS) versus placebo (PBO) em pacientes com CPCNP com mutação EGFR (EGFRm) completamente ressecado (ex19del/L858R) ± quimioterapia adjuvante. O hazard ratio de DFS no CPCNP estágio IIꟷIIIA foi de 0,17; 99,06% CI, 0,11, 0,26; p<0,0001; estágio IBꟷIIIA HR DFS foi de 0,20; 99,12% CI 0,14, 0,30; p<0,0001. NO ESMO 2022 foram relatadas análises exploratórias atualizadas de sobrevida livre de doença e padrões de recorrência após 2 anos de acompanhamento adicional.
Os pacientes elegíveis (idade ≥18 anos [≥20 no Japão/Taiwan], WHO PS 0/1, com CPCNP EGFRm estágio IBꟷIIIA completamente ressecado [AJCC 7ª edição]; quimioterapia adjuvante permitida) foram randomizados 1:1 para osimertinibe 80mg uma vez ao dia ou placebo por até 3 anos.
O desfecho primário foi a sobrevida livre de doença avaliada pelo investigador na doença estágio IIꟷIIIA. Os desfechos secundários incluíram sobrevida livre de doença no estágio IBꟷIIIA, sobrevida global e segurança. Padrões de recorrência e sobrevida livre de doença no sistema nervoso central foram desfechos exploratórios pré-especificados. A data de cut off foi 11 de abril de 2022.
Resultados
Globalmente, foram analisados 682 pacientes (osimertinibe, n=339; placebo, n=343). Nesta análise atualizada, em pacientes com doença em estágio IIꟷIIIA, o HR DFS foi de 0,23 (95% CI 0,18, 0,30; 242/470 eventos; 51% de maturidade); a taxa de DFS em 3 anos foi de 84% com osimertinibe versus 34% com placebo.
Na população geral (estágio IBꟷIIIA), HR DFS foi de 0,27 (95% CI 0,21, 0,34; 305/682 eventos). A taxa de DFS em 3 anos foi de 85% com osimertinibe versus 44% com placebo. No braço de osimertinibe, menos pacientes experimentaram recorrência local/regional e à distância versus placebo. O hazard ratio de DFS no sistema nervoso central foi de 0,24 (95% CI 0,14, 0,42; 63/470 eventos) no estágio IIꟷIIIA. O perfil de segurança a longo prazo permanece consistente com o perfil conhecido de osimertinibe.
“A atualização do estudo ADAURA com mais 2 anos de seguimento demonstra que osimertinibe adjuvante continua a prolongar a sobrevida livre de doença nesta população e reduzir a recorrência de doença em sistema nervoso central, um sítio de metástase associado a diversas morbidades ao paciente. Embora dados de sobrevida global ainda sejam aguardados, estes resultados reforçam osimertinibe como terapia adjuvante para pacientes com CPNPC EGFRm estádio IB-IIIA após ressecção cirúrgica”, conclui Harada.
O estudo foi financiado pela AstraZeneca e está registrado em ClinicalTrials.Gov; NCT02511106.
Referência: M. Tsuboi, Y. Wu, C. Grohe, T. John, M. Majem Tarruella, J. Wang, T. Kato, J.W. Goldman, S. Kim, C. Yu, H. Vinh Vu, G. Mukhametshina, C. Akewanlop, F. de Marinis, F.A. Shepherd, D. Urban, M. Stachowiak, A.L. Bolanos, X. Huang, R.S. Herbst. Osimertinib as adjuvant therapy in patients (pts) with resected EGFR-mutated (EGFRm) stage IB-IIIA non-small cell lung cancer (NSCLC): Updated results from ADAURA. ESMO Congress 2022, LBA47