Onconews - Perfil lipídico como novo marcador diagnóstico em câncer de cabeça e pescoço

tialfiO biólogo molecular Tialfi Bergamin de Castro (foto), da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP) e do Maastricht MultiModal Molecular Imaging Institute (M4i), da Universidade de Maastricht, Holanda, é primeiro autor de estudo selecionado para apresentação em pôster no ESMO 2022 que analisa o perfil glicerofosfolipídico em pacientes com carcinoma de células escamosas oral em comparação com amostras controle utilizando espectrometria de massa e técnicas de expressão gênica para analisar sangue, tecidos e características clínico-patológicas.

O carcinoma de células escamosas oral (CCEO) é um dos tipos de câncer mais comuns e seus principais fatores etiológicos são o tabagismo, o consumo de álcool e a infecção pelo HPV. O perfil metabólico do CCEO é heterogêneo e relacionado a mutações em vários genes supressores de tumor e oncogenes. Padrões tornaram-se aparentes, como aumento do metabolismo da colina, o que indica proliferação ativa. A fosfatidilcolina (PC) é um componente chave das membranas e fonte de moléculas sinalizadoras.

No estudo, a análise sanguínea foi realizada por LC-MS/MS utilizando o Kit AbsoluteIDQ p180 em 61 carcinomas de células escamosas oral não tratados e 60 controles. MALDI-MSI foi realizado usando um RapifleX Tissuetyper (Bruker Daltonik) em 54 amostras não microdissecadas de CCEO de pacientes não tratados. Os dados de MS foram confirmados por DDA usando um Orbitrap Elite (Thermo Fisher Scientific) acoplado a uma fonte MALDI. A análise da expressão gênica foi realizada em um PCR 7500 Fast Real-Time (Applied Biosystems).

Resultados

Os pesquisadores encontraram expressão gênica alterada relacionada à conversão de fosfocolina em fosfatidilcolina entre câncer e tecido normal. “Encontramos altos níveis de fosfatidilcolina insaturado e esfingomielinas em pacientes com carcinoma de células escamosas oral em comparação com controles pareados por sexo e idade e também relacionados à progressão do câncer. Este resultado pode indicar uma síntese e secreção lipídica alteradas e pode representar a lipogênese de novo, um requisito para a proliferação de células cancerígenas”, observam os autores.

A comparação de casos com linfonodo clinicamente positivo para metástases (cN+) e controles apresentou AUC de 0,912 (95% CI: 0,832-0,983), o que indica que determinados metabólitos podem ser importantes para decisões clínicas quanto ao manejo dos pacientes. A abordagem MSI mostrou alterações nos perfis lipídicos entre tumores e tecidos saudáveis. “Nossos resultados preliminares de MSI indicam que há fosfolipídios com distribuição espacial evidentemente específica quando comparadas regiões tumorais e normais”, esclarece Tialfi.

“Os pacientes com carcinomas de células escamosas oral apresentaram um perfil metabólico plasmático distinto, sugestivo de cetogênese, lipogênese e metabolismo energético anormais, mais evidente em estágios avançados da doença, podendo contribuir para proliferação e inflamação. Tal assinatura, se utilizada em exames de monitoramento, pode contribuir para o prognóstico e tratamento desses pacientes”, conclui.

As análises em plasma estão em fase de publicação e os experimentos em tecidos estão em fase final de análise de dados.

O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Maastricht MultiModal Molecular Imaging Institute (M4i).

Referência: T.B. Castro, G.M. Polachini, L.F.S. Smarra, T. Henrique, R.V.M. López, A.C.D.M. Zeri, I.D.C.G.D. Silva, M. Vandenbosch, Ron. M. A. Heeren, E.H. Tajara da Silva. Lipid profile as a new diagnostic marker in head and neck cancer ESMO Congress 2022 697P.