Após mediana de acompanhamento de 4 anos, os resultados de análise exploratória do estudo de Fase 3 POSEIDON apresentados em sessão oral no ESMO 2022 demonstraram benefício duradouro de sobrevida global a longo prazo da combinação de tremelimumabe, durvalumabe e quimioterapia em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) metastático. O oncologista Luiz Henrique Araujo (foto), diretor regional na Dasa Oncologia e pesquisador do INCA, é coautor do trabalho.
No Fase 3 POSEIDON, a combinação em primeira linha de tremelimumabe, durvalumabe e quimioterapia demonstrou melhorias estatisticamente significativas na sobrevida global (SG) e sobrevida livre de progressão (SLP) em comparação com a quimioterapia isolada em pacientes com CPCNP metastático. Durvalumabe + quimioterapia mostrou uma melhora estatisticamente significativa na SLP e uma tendência positiva para melhora de SG em comparação com a quimioterapia que não atingiu significância. Agora, no ESMO 2022, os pesquisadores apresentaram os resultados de análise exploratória atualizada de sobrevida global e subgrupos de histologia e status mutacional, após uma mediana de acompanhamento de 4 anos.
No estudo, pacientes com CPCNP metastático EGFR/ALK selvagem foram randomizados 1:1:1 para durvalumabe em primeira linha (até progressão) + tremelimumabe de curso limitado (até 5 doses) + quimioterapia à base de platina (até 4 ciclos); ou quimioterapia isolada (até 6 ciclos). Os endpoints controlados por alfa foram SLP e SG para durvalumabe + quimioterapia versus quimioterapia e tremelimumabe + durvalumabe + quimioterapia versus quimio isolada. Os tumores dos pacientes foram caracterizados molecularmente por meio de sequenciamento de amostras de tecido e/ou ctDNA.
Resultados
Em um corte de dados atualizado (DCO) de 11 de março de 2022 (mFU 46,5 meses em pacientes censurados), tremelimumabe + durvalumabe + quimioterapia continuou a mostrar benefício de SG em comparação com a quimioterapia (HR 0,75; 95% CI 0,63 e 0,88) com uma estimativa de 20,7% dos pacientes vivos em 4 anos versus 8,6% (Tabela).
Durvalumabe + quimioterapia continuou a melhorar numericamente a sobrevida global versus quimio (HR 0,84; 95% CI 0,71 e 0,99; SG em 4 anos 16,3%). Consistente com os resultados do DCO anterior, o benefício de SG foi mais pronunciado com a combinação tripla em comparação com a quimioterapia em pacientes com histologia não escamosa versus escamosa. Em carcinomas não escamosos, tremelimumabe + durvalumabe + quimioterapia mantiveram ganho significativo de SG (HR 0,68; 95% CI 0,55 e 0,85), assim como durvalumabe mais quimioterapia (HR 0,80, 95% CI 0,64 E 0,98), ao passo que esse benefício não atinge significância no grupo de carcinomas escamosos.
Uma tendência de benefício de SG com a combinação tripla em comparação com a quimioterapia continuou a ser observada em subgrupos de CPCNP com mutações em STK11 (HR 0,62; 95% CI 0,34 e 1,12) , KEAP1 (HR 0,43; 95% CI 0,16 e 1,25) ou KRAS (HR 0,55; 95% CI 0,36 e 0,85). Esses dados sugerem que o bloqueio duplo da via de PD-L1 e CTLA4 trazem efeito adicional nestes sugrupos, que historicamente apresentam menor sensibilidade à imunoterapia. Nenhum novo sinal de segurança foi identificado com base na coleta de eventos adversos graves durante o acompanhamento de longo prazo.
“Os resultados desta análise exploratória de POSEIDON, após mediana de acompanhamento de 4 anos, demonstram o benefício duradouro da SG a longo prazo de adicionar um curso limitado de tremelimumabe a durvalumabe e 4 ciclos de quimioterapia. Esses dados suportam o uso deste regime como uma opção de tratamento de primeira linha para pacientes com CPCNP metastático, incluindo subgrupos mutacionais mais difíceis de tratar, como STK11m, KEAP1m ou KRASm.
O estudo POSEIDON (NCT03164616) é financiado pela Astrazeneca.
Referência: M. Johnson , B.C. Cho , A. Luft , J. Alatorre-Alexander , S.L. Geater , K. Laktionov , S-W. Kim , G. Ursol , M. Hussein , F.L. Lim, C.T. Yang, L.H. Araujo, H. Saito, N. Reinmuth, Z. Lai, H. Mann, X. Shi, S. Peters, E. Garon, T.S.K. Mok. Durvalumab (D) ± tremelimumab (T) + chemotherapy (CT) in 1L metastatic (m) NSCLC: Overall survival (OS) update from POSEIDON after median follow-up (mFU) of approximately 4 years (y). ESMO Congress 2022, Abstract LBA59.