Onconews - ICESP avalia padrões de tratamento do idoso com câncer de mama metastático

laura testaEstudo do ICESP selecionado para apresentação em poster no SABCS`22 avaliou os padrões de tratamento para pacientes idosos com câncer de mama metastático e os fatores associados aos desfechos nessa população. O trabalho tem como primeira autora Sofia Vidaurre Mendes, médica residente do ICESP, e como autora sênior a oncologista Laura Testa (foto).

O manejo do câncer de mama metastático (mBC) em pacientes idosos enfrenta desafios, considerando que alguns pacientes são frágeis e apresentam comprometimentos funcionais, com maior risco de eventos adversos graves da terapia oncológica.

Neste estudo retrospectivo, os pesquisadores avaliaram pacientes com 70 anos ou mais com mBC atendidos no ICESP de 2009 a 2022. O índice de Charlson (ChI) foi usado para medir comorbidades. Os principais endpoints foram a proporção e tipo de terapia sistêmica de primeira linha, taxas de interrupção do tratamento devido a toxicidades, sobrevida global (SG) e fatores prognósticos.

Resultados

A análise apresentada no SABCS`22 mostra que 460 pacientes com mBC cumpriram os critérios do estudo e foram considerados na análise, com idade mediana de 78 anos (IQR 70-96). A maioria dos participantes (n=331; 72%) tinha câncer de mama hormônio receptor-positivo HER2-negativo (HR+HER2-), enquanto 11% (n=50) tinham doença HER2-positivo (HER2+) BC e 14% (n=64) câncer de mama triplo-negativo (TNBC).

Os pacientes inscritos apresentavam predominantemente doença metastática de novo (n=316; 69%); ECOG-PS 3-4 (n=313, 68%) e ChI ≤ 7 (n=354; 77%). Quarenta e cinco pacientes (10%) não receberam terapia sistêmica para mBC, proporção que foi maior entre os TNBC (34%) comparada a outros subtipos (HR+HER2-: 5%; HER2+: 6%) (P< 0,001). Os autores descrevem que a proporção que não recebeu terapia sistêmica também foi maior entre os pacientes com ECOG-PS 3-4 (13%, P < 0,001), com mais de 90 anos (19%; P=0,069) e com ChI > 7 (15%; P=0,088).

Entre 165 pacientes que receberam terapia endócrina na primeira linha, a análise apresentada no SABSC22 mostra que 2% descontinuaram devido à toxicidade. Noventa pacientes receberam quimioterapia de primeira linha e 18% descontinuaram devido à toxicidade. O câncer de mama foi a principal causa de morte (94%) na coorte avaliada.

Os fatores associados ao aumento do risco de morte foram câncer de mama HER2+ (HR 1,48, IC 95% 1,04 – 2,09; P=0,027), TNBC (HR 1,52, IC 95% 1,05 – 2,20; P=0,025), faixa etária 80-90 anos (HR 1,30, IC 95% 1,02-1,64; P=0,028), ECOG-PS 3-4 (HR 2,34, 95% CI 1,73-3,15, P < 0,001) e não receber terapia sistêmica (HR 4,48, IC 95% 2,88-6,98, P < 0,001). A mediana de sobrevida global foi de 29 meses para pacientes tratados com terapia sistêmica e 2,3 meses para aqueles que não receberam tratamento sistêmico (P < 0,001).

“Muitos fatores influenciam o prognóstico e a decisão de tratamento para pacientes idosos com câncer de mama metastático. As taxas de pacientes que não recebem terapia sistêmica são maiores entre TNBC, o que aponta para a necessidade de terapias mais bem toleradas para esse grupo”, concluem os autores. 

Referência: P1-03-05 Overview of the management and factors associated with outcomes of metastatic breast cancer among elderly patients - Vidaurre Mendes S, Zanin Orsi B, Monteiro Vasconcellos J, Araujo Neto A, Andrade Rocha E, Messias AP, Noschang Moreira O, Galvão Freire PJ, Vecchi Leis L, Baptista Pereira M, Petry V, Colombo Bonadio R, Testa L. Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil.