Sensibilidade cutânea na quimioterapia com paclitaxel

Estudo brasileiro que integra o programa científico do SABCS`22 busca avaliar a sensibilidade cutânea em pacientes com diagnóstico de câncer de mama submetidas a ciclos de quimioterapia com taxanos, comparando três técnicas diferentes: agulhas de acupuntura, acupuntura com pastilhas de silício e cinesioterapia.

Neste ensaio clínico randomizado, foram elegíveis mulheres em quimioterapia com taxanos a partir do 1º ciclo, tanto no cenário neoadjuvante quanto adjuvante, com doença nos estágios I a III. Doenças pré-existentes, como câncer em atividade locorregional ou à distância, dores articulares, doenças reumatológicas e ausência de quimioterapia contendo antraciclinas e/ou cisplatina foram critérios de exclusão, assim como a exposição prévia à acupuntura nos últimos 3 meses antes da inscrição.

Foram elegíveis 63 participantes, selecionados e randomizados nos três grupos de análise (Grupo S:Stiper n=26, Grupo A: Acupuntura n=18: e Grupo C: Cinesioterapia n=19). Esses participantes realizaram tratamento uma vez por semana por dez semanas consecutivas.

No grupo S (GS) foi empregada a técnica de acupuntura não invasiva, que utiliza pastilhas de silício revestidas de manta acrílica para estimulação dos pontos de acupuntura nos meridianos. No grupo GA foi empregada acupuntura convencional, com agulhas sistêmicas estéreis e descartáveis, medindo 0,25mm x 30mm.  O grupo C recebeu cinesioterapia (GC), técnica de fisioterapia que consiste em exercícios de membros superiores e inferiores, além do treinamento de propriocepção, com o objetivo de melhorar a sensibilidade de mãos e pés com a vibração.

Os grupos GS e GA realizaram acupuntura nos acupontos (B11Dazhu, SI14 Jianwaishu, CV12 Zhongwan, GB34 Yanglingquan, SP6 Sanyinjiao, LR3 Taichong), com frequência de 1 vez por semana, por 10 semanas consecutivas, com duração de 30 minutos por sessão. Para avaliar a sensibilidade, foi utilizado o estesiômetro, instrumento que mede o grau de sensibilidade de uma região considerando a força (em gramas) necessária para dobrar os filamentos do aparelho. Os resultados são discriminados em cores e valores: verde (0,05 g), azul (0,2 g), violeta (2,0 g), vermelho (4,0 g), laranja (10,0 g) e magenta (300 g).

O estudo também envolveu a avaliação da qualidade de vida através de questionário validado, antes e depois do tratamento.

Resultados

A quimioterapia neoadjuvante foi predominantemente adotada nos três grupos: GS (88,5%), GA (83,3%) e GC (89,5%), p=0,83.

Entre pacientes com câncer tipo CINE (Carcinoma Invasivo Não Especial), GS (92,6%), GA (93,8%) e GC (94,4%), p= 0,58. Entre participantes com Diabetes Melittus GS (84,6%), GA (77,8%) e GC (79,8%), p=0,82 e entre aqueles com hipertensão sistêmica, GS (72%), GA (72,2%) e GC (52,6%), p = 0, 32. Avaliação da sensibilidade cutânea do membro superior C6D (p < 0,04 intergrupo GS, GA e GC. T1D (p < 0,03 intergrupo GS, GA e GC), corresponde à região do antebraço. O questionário de qualidade de vida FACT/GOG-Ntx nos domínios (PWB, FWB e TaxS), Taxane Trial Outcome Index (TOI) comparando a 1ª sessão com a 10ª sessão p < 0,02, TaxS (Avalia os Sintomas da Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia- NPIQ) comparando a 1ª sessão com a 10ª sessão p< 0,03. Pontuação total do taxano) comparando a 1ª sessão com a 10ª sessão, p< 0,03.

“A sensibilidade de C6 mão direita e T1 antebraço direito mudou, mostrando melhora na sensibilidade da pele após a intervenção intergrupos. Na comparação antes e depois, o questionário FACT/GOG-Ntx mostrou piora dos sintomas nas funções físicas e funcional. A sensibilidade cutânea de mãos e pés manteve-se estável e melhorou nos membros superiores, mas a quimioterapia teve impacto negativo na qualidade de vida”, concluem os autores, que recomendam mais estudos para avaliar a real extensão da neuropatia nesses pacientes.

Com as intervenções realizadas (Stiper, Agulha e Cinesioterapia), a incidência de NPIQ foi nula, mantendo os níveis iniciais, pré-quimioterapia.

Este estudo está sendo realizado no Ambulatório de Oncomastologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) por Roberta P. Costa Luz, primeira autora e atual doutoranda na instituição. Como co-autores o trabalho tem a participação de Carmen S. Alliz, Samantha de Almeida Rizzi, Cinira Haddad, Afonso Nazário e Gil Facina, todos pesquisadores da UNIFESP, além do estatístico Christiano Bittencourt Machado, da Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro.

Referência: OT1-18-01 Comparative analysis between acupuncture and exercise in improving dermal sensitivity during paclitaxel-containing chemotherapy: a randomized clinical trial - Roberta P. Costa luz et al.