Pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) metastático que receberam terapia combinada de tremelimumabe, durvalumabe e quimioterapia tiveram uma sobrevida global mais longa em comparação com aqueles que receberam apenas quimioterapia, independentemente de status mutacional de STK11, KEAP1 ou KRAS. A análise exploratória dos resultados de sobrevida do estudo Fase 3 POSEIDON de acordo com o status mutacional KRAS, STK11 e KEAP1 foi apresentada na Conferência Mundial de Câncer de Pulmão. O oncologista Luiz Henrique Araujo (foto), diretor regional na Dasa Oncologia e pesquisador do INCA, é coautor do trabalho.
“A inibição de CTLA-4 suporta a expansão de células T; a inibição de PD-L1 supera a supressão de células T no tumor; e a quimioterapia causa a morte das células tumorais e a liberação de antígenos, potencialmente iniciando a resposta imune”, esclarecem os autores. “Mutações em STK11 e KEAP1 são correlacionadas com mau prognóstico e estão associadas a tumores quimiorrefratários e imunologicamente “frios”, que são menos responsivos à terapia. O CPCNP KRAS-mutado é heterogêneo e frequentemente co-mutado com STK11 e/ou KEAP1”, acrescentam.
Com base nesses achados, os pesquisadores investigaram se o regime triplo com tremelimumabe, durvalumabe e quimioterapia poderia melhorar os resultados clínicos para subgrupos de difícil tratamento de pacientes com CPCNP metastático.
No estudo, foram randomizados 1.013 pacientes (1:1:1) para tremelimumabe, durvalumabe e quimioterapia de primeira linha; durvalumabe e quimioterapia; ou apenas quimioterapia, com estratificação por expressão de PD-L1 em células tumorais (≥50% vs <50%), estágio da doença (IVA vs IVB) e histologia (escamosa vs não escamosa). Os tumores de pacientes foram caracterizados molecularmente por meio de sequenciamento de DNA de tecido tumoral e/ou amostras de DNA tumoral circulante. Os resultados de sobrevida livre de progressão e sobrevida global foram analisados em pacientes com (m) ou sem (wt) mutações funcionais em KRAS, STK11 ou KEAP1.
Resultados
A população de CPCNP não escamosa avaliável por mutação incluiu 612 pacientes (96% da população não escamosa com intenção de tratar) cujos tumores foram caracterizados molecularmente; 30%, 14% e 6% tinham KRASm, STK11m e KEAP1m, respectivamente. As taxas de risco de sobrevida global favoreceram os pacientes no braço de tremelimumabe, durvalumabe e quimioterapia versus quimioterapia, independentemente do status mutacional de KRAS, STK11 ou KEAP1, consistente com os resultados na população com intenção de tratar.
As taxas de sobrevida global de 24 meses foram maiores com tremelimumabe, durvalumabe e quimioterapia versus quimioterapia em todos os subgrupos, incluindo aqueles com KRASm, STK11m e KEAP1m, sugerindo benefício sustentado com o regime triplo.
“O estudo POSEIDON traz uma nova opção de tratamento padrão para a primeira linha de CPNPC metastático. A combinação de quimioterapia e imunoterapia já se tornou uma rotina nos consultórios dos oncologistas, mas este estudo fortalece o uso da dupla imunoterapia em combinação com quimioterapia. Na minha opinião, tumores com baixa expressão de PD-L1 e com mutações de resistência primária à imunoterapia, como STK11 e KEAP1, são fortes candidatos a receber esta estratégia de tratamento”, conclui Araujo.
Referência: OA15.04 - Association Between KRAS/STK11/KEAP1 Mutations and Outcomes in POSEIDON: Durvalumab ± Tremelimumab + Chemotherapy in mNSCLC