Onconews - Obstáculos globais à triagem do câncer de pulmão

Milena CavicNa Conferência Mundial de Câncer de Pulmão (WCLC 2022), representantes do Diagnostics Working Group do Comitê da IASLC de Detecção Precoce e Triagem anunciaram um esforço para identificar os atuais obstáculos e perspectivas de rastreamento do câncer de pulmão em países de baixa e média renda e propor orientações, recomendações e futuras estratégias de pesquisa. “Uma discussão mais ampla sobre esse tema é globalmente importante, uma vez que muitos países planejam introduzir o rastreamento do câncer de pulmão levando em consideração os parâmetros governamentais, de saúde e específicos da população. Portanto, diretrizes baseadas em evidências são de extrema importância”, afirmou Milena Cavic (foto), do Instituto de Oncologia e Radiologia da Sérvia.

O rastreamento do câncer de pulmão com tecnologia de tomografia computadorizada de baixa dose demonstrou ser eficaz na redução da mortalidade associada ao câncer de pulmão, mas os dados atuais da literatura sobre a situação do rastreamento do câncer de pulmão em países de baixa e média renda (LMIC) são escassos, muitas vezes relacionados a um país, região ou projeto específico.

Atualmente, o Grupo de Trabalho de Diagnóstico do Comitê de Detecção Precoce e Triagem da IASLC conta com seis membros de países de baixa e média renda de quatro continentes (Brasil, China, Colômbia, Índia, Sérvia e África do Sul) e 11 membros de países de alta renda de três continentes (Canadá, Alemanha, Hungria, Itália, Espanha, Coreia do Sul, Reino Unido, Estados Unidos). Esses países forneceram dados específicos desses países e regiões. Dados de outros países foram avaliados por revisão de literatura, explorando a série de manuscritos JTO Lung Cancer Worldwide, dados epidemiológicos globais oficiais e outras fontes.

Resultados

De acordo com os especialistas, para uma avaliação sistemática do status atual do rastreamento do câncer de pulmão em países de baixa e media renda, é preciso realizar uma comparação abrangente da incidência e mortalidade por câncer de pulmão por estágio ao diagnóstico entre esses países e aqueles de alta renda (HIC).

“Além disso, os riscos específicos de câncer de pulmão em regiões específicas devem ser levados em consideração”, observou Cavic. “Os fatores que dão origem a desafios na implementação da triagem de cancer de pulmão incluem aqueles de natureza política e financeira, bem como a sobrecarga do sistema de saúde com outros programas e prioridades concorrentes, regras de reembolso e vários fatores de risco específicos da população”, acrescentou.

A disponibilidade de infraestrutura adequada (scanners de TC, radiologistas qualificados, pneumologistas, cirurgiões torácicos e radioterapeutas, serviços de TC e biópsia broncoscópica) e disponibilidade de pessoal de saúde qualificado para o diagnóstico pós-triagem também foram considerados fatores cruciais.

O GT de Diagnóstico observou que dos seis atuais países de baixa e média renda, três (Brasil, China e Colômbia) tinham programas institucionais estruturados de rastreamento de câncer de pulmão, enquanto 1 tinha um programa piloto regional (Sérvia). Nos grupos de países de alta renda, os membros relataram diferentes formas de programas estruturados de rastreamento (programas nacionais/regionais de rastreamento populacional ou estudos de pesquisa).

“Para explorar plenamente as perspectivas de implementação do rastreamento do câncer de pulmão em países de baixa e média renda, a relação custo/benefício precisaria ser cuidadosamente avaliada em cada país, considerando dados baseados em evidências e especificidades regionais”, destacam os autores.

Referência: P1.02-02 - Current Status, Challenges and Perspectives of Lung Cancer Screening in Low- and Middle-Income Countries - Presenter: Milena Cavic