Pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) ressecável sem tratamento prévio que receberam durvalumabe neoadjuvante mais quimioterapia e durvalumabe adjuvante em monoterapia apresentaram melhores resultados de sobrevida livre de eventos (EFS) e resposta patológica completa (pCR) em comparação com pacientes que receberam apenas quimioterapia neoadjuvante. Os resultados do estudo de fase 3 AEGEAN foram apresentados no AACR 2023 por John Heymach (foto), chefe de Oncologia Médica Torácica/Cabeça e Pescoço na Universidade do Texas MD Anderson Cancer Center.
“O câncer de pulmão de células não pequenas continua sendo a principal causa de mortalidade por câncer e, historicamente, cerca de metade dos pacientes submetidos à ressecção apresentam recorrência”, afirmou Heymach. “Estudos recentes indicam o benefício do uso de um inibidor de checkpoint imunológico adjuvante no CPCNP, especialmente em pacientes com tumores PD-1 positivo. No entanto, ainda não foi estabelecida se uma abordagem mais abrangente poderia melhorar os resultados”, acrescentou.
No estudo randomizado, duplo-cego, placebo-controlado de Fase 3 AEGEAN (NCT03800134), 802 pacientes com CPCNP ressecável (estágio II–IIIB[N2]; AJCC 8ª ed) e ECOG PS 0/1, virgens de tratamento e com qualquer expressão de PD-L1, foram randomizados (1:1) para receber durvalumabe neoadjuvante (1500 mg) mais quimioterapia à base de platina ou placebo neoadjuvante mais quimioterapia à base de platina a cada três semanas por quatro ciclos; após a cirurgia, os pacientes continuaram a receber durvalumabe ou placebo a cada quatro semanas por até 12 ciclos.
Os pacientes foram estratificados por estágio da doença (II vs III) e expressão de células tumorais PD-L1 (<1% vs ≥1%, Ventana SP263). Após a exclusão de pacientes cujos tumores apresentavam alterações de EGFR/ALK, 740 pacientes na população com intenção de tratar modificada (mITT) foram avaliados nesta análise interina planejada avaliando o desfecho primário de sobrevida livre de eventos (EFS; RECIST v1.1), definido como o tempo desde a randomização até um evento, como a progressão da doença impossibilitando cirurgia definitiva, recidiva da doença ou óbito. Também foi avaliado o endpoint primário adicional de resposta patológica completa (pCR), definido como nenhum tumor viável deixado na peça cirúrgica (incluindo linfonodos) após a terapia neoadjuvante. A segurança foi avaliada em todos os pacientes que receberam ≥1 dose de tratamento do estudo.
Resultados
Entre 2 de janeiro de 2019 e 19 de abril de 2022, 802 pts foram randomizados para o ITT população (n=740 na população mITT) dos quais 799 receberam tratamento (braço D, n=400; braço PBO, n=399). As características basais foram amplamente equilibradas (mITT).
No geral, 84,7% no braço durvalumabe e 87,2% no braço placebo completaram 4 ciclos de quimioterapia dupla de platina, e 77,6% e 76,7%, respectivamente, foram submetidos à cirurgia após o tratamento neoadjuvante.
“Antes do início do estudo, havia a preocupação de que a administração de imunoterapia neoadjuvante pudesse dificultar a cirurgia de alguns pacientes. Mas, na verdade, observamos que um número quase idêntico de pacientes foi capaz de fazer a cirurgia em ambos os braços, sugerindo que a inclusão da imunoterapia neoadjuvante não reduz o número de pacientes que podem concluir a cirurgia”, disse Heymach.
Após uma mediana de acompanhamento de 11,7 meses, o EFS médio não foi alcançado no braço do regime baseado em durvalumabe, contra 25,9 meses no braço de quimioterapia isolada. Os pacientes no braço do regime baseado em durvalumabe apresentaram uma redução de 32% no risco de progressão da doença, recorrência ou morte em comparação com aqueles pacientes no braço de quimioterapia isolada. Após o tratamento neoadjuvante, a pCR foi de 17,2% no braço de tratamento, contra 4,3% no braço de placebo, uma diferença de 13,0%.
Eventos adversos de qualquer causa de grau 3-4 ocorreram em 42,3% e 43,4% dos pacientes no braço do regime baseado em durvalumabe e no braço somente quimioterapia, respectivamente. Os dados de eventos adversos foram consistentes com estudos anteriores, e nenhum evento adverso inesperado relacionado ao tratamento foi observado.
“Estamos entusiasmados em ver que o estudo alcançou seus objetivos primários de melhorar a pCR e reduzir significativamente a probabilidade de progressão da doença, recorrência ou morte”, disse Heymach. “Este é um novo paradigma de tratamento para essa população de pacientes, mas que requer investimento de equipes multidisciplinares – uma maior integração das equipes de oncologia médica, patologia molecular e oncologia cirúrgica, todas trabalhando juntas para melhorar os resultados clínicos”, observou.
“Dados sobre desfechos secundários, incluindo a sobrevida global, serão necessários no futuro para entender o impacto total dessa abordagem de tratamento para pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas ressecável sem tratamento prévio”, concluiu Heymach.
Endpoint | D arm | PBO arm | Tx effect | P value |
pCR | n/N: | n/N: | Difference in pCR (95% CI), %: | 0.000036 |
EFS | n events/N: | n events/N: | HR (95% CI): | 0.006141e |
Median (95% CI), months: | Median (95% CI), months: | |||
aCIs by stratified Miettinen and Nurminen’s method. bStatistical significance was achieved at the IA (402 pts; data cutoff, Jan 14, 2022); no testing was performed at FA. The statistically significant p-value of 0.000036 was based on a Cochran-Mantel-Haenszel test. cKaplan-Meier method. dStratified Cox proportional hazards model. eStratified log-rank test. CI, confidence interval; FA, final analysis; HR, hazard ratio; IA, interim analysis; NR, not reached. |
O estudo foi conduzido pela AstraZeneca.
Referência: CT005 - AEGEAN: A phase 3 trial of neoadjuvant durvalumab + chemotherapy followed by adjuvante durvalumab in patients with resectable NSCLC
Sessão: CTPL01 - Harnessing the Immune System in the Clinic
Data: Sunday, April 16, 2023, 12:45 pm - 3:15 pm
Autores: John V. Heymach, David Harpole, Tetsuya Mitsudomi, Janis M. Taube, Gabriella Galffy, Maximilian Hochmair, Thomas Winder, Ruslan Zukov, Gabriel Garbaos, Shugeng Gao, Hiroaki Kuroda, Jian You, Kang-Yun Lee, Lorenzo Antonuzzo, Mike Aperghis, Gary J. Doherty, Helen Mann, Tamer M. Fouad, Martin Reck.