A pancreatectomia distal minimamente invasiva com esplenectomia é uma alternativa segura e eficaz à cirurgia aberta para pacientes com câncer de pâncreas ressecável. Os resultados são do estudo DIPLOMA, o primeiro randomizado a comparar as duas técnicas cirúrgicas nessa população de pacientes. O trabalho é um dos destaques do programa científico do ASCO 2023.
DIPLOMA é o primeiro estudo randomizado, internacional, cego, de não-inferioridade, a comparar os resultados entre a cirurgia aberta e a cirurgia minimamente invasiva para pacientes com câncer de pâncreas em estágio inicial, quando os tumores estão presentes no corpo ou na cauda do pâncreas. A pancreatectomia distal aberta usa uma grande incisão, enquanto a cirurgia minimamente invasiva usa várias incisões menores. Durante a cirurgia, o baço também é removido para posterior avaliação de linfonodos.
O estudo incluiu pacientes com câncer pancreático ressecável de 35 centros em 12 países, que foram randomizados para pancreatectomia distal minimamente invasiva (MIDP; laparoscópica ou robótica) ou pancreatectomia distal aberta (PDO). Tanto os pacientes quanto os patologistas desconheciam a abordagem. O endpoint primário foi a ressecção radical (R0, <1 mm de margem livre) em pacientes que foram submetidos à ressecção. As análises para o desfecho primário foram por intenção de tratar modificada, excluindo pacientes que não foram submetidos a ressecção. A margem de não inferioridade pré-definida foi fixada em -7%.
Resultados
Entre 8 de maio de 2018 e 7 de maio de 2021, 258 pacientes foram randomizados para MIDP (131 pacientes) ou ODP (127 pacientes). A população por intenção de tratar modificada incluiu 117 pacientes no grupo de cirurgia minimamente invasiva e 114 pacientes no grupo de cirurgia aberta.
A ressecção radical (R0) ocorreu em 83 (73%) pacientes no grupo MIDP e em 76 (69%) pacientes no grupo ODP (diferença 4%, 90% CI - 6 a 14%; p=0,039). A mediana de linfonodos foi comparável (22,0 [16,0-30,0] vs 23,0 [14,0-32,0] linfonodos, p=0,86), assim como a taxa de recorrência intraperitoneal (41% vs 38%, p=0,45). Outros resultados pós-operatórios foram comparáveis.
“Pela primeira vez, foi demonstrado que a pancreatectomia distal minimamente invasiva é tão eficaz e segura quanto a cirurgia aberta. Nossa pesquisa oferece segurança aos cirurgiões e pode ajudar os pacientes, fornecendo-lhes as informações de que precisam para conversar com seus médicos sobre como desejam ser tratados”, disse o principal autor Mohammad Abu Hilal, Diretor Cirúrgico do Instituto Ospedaliero Fondazione Poliambulanza em Brescia, Itália.
“A cirurgia minimamente invasiva pode fornecer benefícios como tempo de recuperação mais rápido e menor risco de infecção, sem aumentar o risco de câncer”, acrescentou Jennifer F. Tseng, especialista da ASCO.
Os pacientes serão acompanhados para comparar seus resultados em três anos e cinco anos, e análises adicionais das amostras recuperadas durante este estudo irão avaliar o número de linfonodos removidos no baço para determinar se a remoção do baço é necessária. Além disso, serão realizados testes adicionais para comparar os resultados entre as técnicas cirúrgicas minimamente invasivas laparoscópicas e robóticas.
O estudo foi financiado pela Medtronic e Ethicon.
Referência: Minimally invasive versus open distal pancreatectomy for resectable pancreatic cancer (DIPLOMA): An international randomised trial.
First Author: Mohammed Abu Hilal, MD PhD
Meeting: 2023 ASCO Annual Meeting
Session Type: Poster Session
Session Title: Gastrointestinal Cancer—Gastroesophageal, Pancreatic, and Hepatobiliary
Track: Gastrointestinal Cancer—Gastroesophageal, Pancreatic, and Hepatobiliary
Subtrack: Pancreatic Cancer - Local-Regional Disease
Abstract #: 4163