O oncologista Paulo Bergerot (foto) é primeiro autor do estudo selecionado para apresentação em pôster no ASCO 2023. Este estudo avaliou a viabilidade e eficácia de um programa remoto de atividade física para pacientes em tratamento com imunoterapia isolada ou em combinação com quimioterapia no Brasil.
“Os achados de estudos anteriores demonstram que a atividade física melhora os efeitos colaterais do tratamento contra o câncer, bem como a qualidade de vida, e pode até melhorar a resposta ao tratamento. Uma vez que a imunoterapia é amplamente utilizada e aprovada para mais de 18 indicações, são necessários estudos para determinar o efeito da atividade física nos desfechos da imunoterapia”, argumentam os autores. “Além disso, há uma necessidade crucial de entender como tornar essas intervenções custo-efetivas e acessíveis em países de baixa e média renda”, observam.
Neste estudo prospectivo, pacientes diagnosticados com qualquer tipo de câncer sólido em tratamento com imunoterapia isolada ou em combinação foram elegíveis para participar de um programa remoto supervisionado de atividade física com duração de 12 semanas. O programa incluiu exercícios de resistência e aeróbicos, realizados por 3 a 5 horas semanais (4 a 6 dias por semana). A assistência foi fornecida por meio das plataformas WhatsApp e Vedius.
As medidas de resultado incluem sintomas relacionados ao tratamento (FACT-ICM, escala 0-100), fadiga (BFI, escala 0-90) e qualidade de vida global (FACT-G, escala 0-108). Estatísticas descritivas foram geradas e RM-ANOVA foram usadas para avaliar mudanças nas medidas de resultados ao longo do tempo.
Resultados
Um total de 40 pacientes foram incluídos, com 87,8% de adesão total. Os participantes tinham idade média de 59 anos (DP = 12,2) e eram predominantemente do sexo feminino (53,7%), brancos (68,3%), casados (68,3%) e com ensino superior completo (56,0%). Os pacientes foram diagnosticados principalmente com câncer de mama (24,4%) ou rim (22,0%); 63,4% dos pacientes apresentavam doença em estágio IV.
Foram observadas melhorias significativas nos sintomas relacionados ao tratamento (M1= 86,5, M2= 96,0, p = 0,001), fadiga (M1= 21,4, M2= 9,6, p = 0,001) e qualidade de vida (M1= 87,5, M2= 98,6, p = 0,001).
“Até onde sabemos, este é o primeiro estudo a avaliar a viabilidade e eficácia de um programa remoto supervisionado de atividade física em pacientes com câncer em imunoterapia na América Latina. Nossos resultados sugerem que este programa remoto é viável e apresenta alta adesão, podendo melhorar os sintomas relacionados ao tratamento, incluindo a fadiga, e a qualidade de vida global dos pacientes. Além disso, este programa oferece uma alternativa prática e facilmente acessível. O estudo será validado em um próximo ensaio clínico randomizado”, concluíram os autores.
Referência: Paulo Gustavo Bergerot et al. A supervised remote exercising program for patients receiving immunotherapy alone or in combination with chemotherapy in Brazil: ExIO. DOI: 10.1200/JCO.2023.41.16_suppl.12122 Journal of Clinical Oncology 41, no. 16_suppl (June 01, 2023) 12122-12122. Published online May 31, 2023.