Estudo do ICESP e Oncologia D'Or selecionado para apresentação em pôster no ASCO 2023 avalia a eficácia dos inibidores de PARP (PARPi) após a quimioterapia de primeira linha em pacientes com câncer epitelial de ovário e recombinação homóloga proficiente (HRP). O oncologista Mateus Trinconi Cunha é o primeiro autor do trabalho, que tem Renata Bonadio como autora sênior.
“Na literatura, o uso de inibidores de PARP como terapia de manutenção em pacientes com câncer epitelial de ovário avançado (EOC) demonstrou retardar a progressão do câncer entre pacientes com BRCA mutado (mBRCA) ou deficiência de recombinação homóloga (HRD), com benefício discutível e divergente entre o subgrupo de pacientes com proficiência na recombinação homóloga (HRP).
O estudo realiza uma revisão sistemática da literatura no PubMed, Embase, The Cochrane Library até 9 de fevereiro. A revisão foi realizada para identificar artigos ou apresentações em conferências de ensaios clínicos de fase 3 (P3CT) avaliando a terapia de manutenção com inibidores de PARP (PARPi) após quimioterapia em primeira linha no câncer de ovário. Os dados individuais dos pacientes foram reconstruídos a partir dos gráficos de Kaplan-Meier de sobrevida livre de progressão (SLP) entre pacientes com mBRCA, HRD e HRP, por meio do WebPlotDigitizer e pacote R IPDfromKM.
Também foi realizada uma meta-análise trial-level com um modelo de efeitos aleatórios. As comparações foram feitas com riscos proporcionais de Cox. O benefício clínico para cada subgrupo foi acessado com o ESMO Magnitude of Clinical Benefit Formulary 2b (ESMO MCBS).
Resultados
A busca na literatura resultou em 513 itens. Após a triagem, 6 ensaios clínicos de fase 3 (SOLO1, PRIMA, VELIA, PAOLA, PRIME e ATHENA-MONO) foram selecionados e usados os dados de acompanhamento mais longos de cada estudo. Um total de 3.205 pacientes foi incluído na análise (2.090 nos braços PARPi, 1.115 nos braços de controle). HRP foi associado com pior SLP independentemente do braço de tratamento (HRP vs mBRCA nos braços PARPi: HR 1,92, IC 95% 1,62 – 2,21, P <0,001).
Em comparação com o braço de tratamento controle, a terapia com PARPi foi associada a uma melhora da sobrevida livre de progressão em todos os subgrupos, embora a magnitude do benefício tenha diminuído de mBRCA para HRD e HRP (Tabela). A meta-análise trial-level produziu resultados semelhantes. A terapia com PARPi somou 4 de 4 pontos possíveis no ESMO MCBS para mBRCA e HRD, mas apenas 2 pontos entre os pacientes HRP, confirmando um menor benefício clínico neste subgrupo.
“Esta meta-análise incluiu um ensaio clínico de fase 3 adicional recentemente apresentado e novos dados de análise de subgrupo de estudos anteriores. Os resultados confirmam um benefício estatisticamente significativo da manutenção com PARPi após primeira linha de quimioterapia no câncer epitelial de ovário com proficiência na recombinação homóloga. No entanto, o ganho relativo e absoluto na SLP é modesto (9% em 2 anos), enquanto os subgrupos mBRCA e HRD apresentam um benefício substancial. O pior prognóstico dos pacientes com HRP, além do pequeno benefício clínico da terapia com PARPi, destaca a necessidade de novas estratégias de tratamento para esse subgrupo”, concluíram os autores.
Median PFS (PARPi vs control) | 2-year PFS (PARPi vs control) | HR | 95% CI | P | |
mBRCA | 45.5 vs 16.6 mo | 69% vs 38% | 0.41 | 0.35 – 0.49 | < 0.001 |
HRD | 23 vs 15.6 mo | 49% vs 32% | 0.62 | 0.51 – 0.75 | < 0.001 |
HRP | 13.9 vs 10 mo | 28% vs 19% | 0.80 | 0.69 – 0.92 | 0.002 |
Referência: Exploring the significance of PARP inhibitor therapy after first-line chemotherapy in patients with homologous recombination proficient ovarian cancer: An extracted individual patient data and trial-level meta-analysis.
First Author: Mateus Trinconi Cunha, MD
Meeting: 2023 ASCO Annual Meeting
Session Type: Poster Session
Session Title: Gynecologic Cancer
Track: Gynecologic Cancer
Subtrack: Ovarian Cancer
Abstract #: 5580